domingo, 30 de junho de 2013

Quem má cama faz, nela se deita...



" Mas o mais importante desta greve foi as incompreensões com que contou. A Confederação do Comércio disse que a compreendia. A da Indústria que o Governo empurrou os sindicatos para ela. A da Agricultura disse que havia mais do que motivos para a indignação dos trabalhadores. A UGT endureceu o seu discurso. E até ouvi um deputado do PSD a defender, na televisão, que o executivo deveria aproveitar a greve para mostrar à troika que a estabilidade social será impossível de manter. O que esta greve revela, quando é feita num momento tão difícil para a levar à prática, é o extraordinário isolamento de um primeiro-ministro, sem paralelo na nossa história recente. Como vimos com Nuno Crato, o Governo ainda não percebeu muito bem como é frágil a sua situação. E muitos acreditam que a paz podre se manterá, por medo, desesperança ou falta de alternativas. Acho que estão enganados. Não serão as autárquicas ou o CDS, como imagina o mundo político e mediático, a mudar tudo. Será um qualquer erro de cálculo, ão fácil de acontecer a quem já não tem amigos que lhe chamem à razão. Basta uma nova TSU ou um novo "caso Relvas" e este Governo, preso por arames, não se aguentará."

Excerto do texto de Daniel Oliveira, "A Solidão de Passos", no Expresso

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Ir buscar lã e vir tosquiado


As reportagens das televisões sobre os efeitos da Greve Geral nos passageiros dos transportes metem nojo aos cães. Perguntar às pessoas em sofrimento nas salas de espera dos hospitais o que pensam por a consulta ter sido cancela por efeito da greve, é escabroso. Felizmente ouvi agora uma utente responder à letra a uma repórter "meter o coelho numa caçoila e matá-lo", disse quando questionada sobre o que pensava da greve.  Raras foram as pessoas que protestaram contra os grevistas  e esse é um sintoma claro de que o país está exangue e do ódio profundo que votam a estes (des)governantes.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Governo Rua!


Silly season...



O início oficial da silly season foi dado com a realização do  Conselho de Ministros em Alcobaça. Como sabemos, mais silly era díficl, nada se passou para além de uma foto com gente desorientada. Com o país a cavalgar uma crise económica, social e política como não há memória, está convocada para amanhã mais uma greve geral. O país devia parar todo, correr com esta gentalha que abocanhou o pote, mas tenho fortes dúvidas de que ela seja assim tão geral.  Entretanto começou a campanha eleitoral para as autárquicas, o calor aperta e eu já me apetecia  ir a banhos...

terça-feira, 25 de junho de 2013

A ruína

 

O serão televisivo da TVI24 de ontém, mais parecia um tempo de antena reservado à oposição. Quer isto dizer que a TVI24 se passou para a oposição? Não nos enganemos, a verdade é que o buraco em que as políticas cegas de radicalismo ideológico e discurso punitivo seguidos por este (des)governo de passarolas e gaspares é de tal forma enome, descontrolado e critico para o futuro do país, que já não há uma alma que seja que dê a cara por ele. Aliás assiste-se mesmo a um reposicionamento silencioso mas firme de nomes mas crediveis do interior do grupo parlamentar do PSD como Miguel Frasquilho que ontém reconheceu o erro de todas as politicas seguidas pelo eixo Schauble/ Gaspar, dizendo que "uns avisaram e reconheceram mais mais cedo, outros estão a reconher mais tarde" que este caminho é um desastre. Um outro comentador político que não fixei o nome, no programa "politica mesmo" disse taxativamente, "são três anos perdidos, vamos ter de começar tudo de novo". A pergunta que se coloca é, como é que pode o governo alterar o rumo sem reconhecer que falhou? E na eventualidade remota e retórica de vir a reconhecer que falhou, qual é a sua legitimidade para continuar a governar um país que levou à miséria?

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Quem passa por Alcobaça...



Diz que foi assim uma espécie de blind date.  O professor até sugeriu ao vivo e a cores, que a reunião de amigos em Alcobaça pouco mais fez  do que  perturbar uma noiva que se dirigia ao altar ao encontro do seu bem amado noivo... Enfim, estão todos bem uns para os outros, Alcobaça é que merecia melhor sorte que a visita desta trupe.

domingo, 23 de junho de 2013

Citação

"Vivemos uma orfandade política. Para onde quer que nos viremos, à esquerda e à direita, não há quem inspire, mobilize e seja capaz de representar os nossos anseios colectivos. A asserção é válida se pensarmos no Governo, nas oposições, no Presidente da República e nos parceiros sociais.
Esta crise de representatividade tem razões profundas e, claro, causas conjunturais. Por um lado, como se sabe, os partidos portugueses têm fraco enraizamento social (com excepção do PCP), foram criados de cima para baixo, a partir do Estado, e encontraram a sua fonte de legitimidade na melhoria das condições materiais associada à consolidação democrática e, não menos importante, à adesão europeia. Com a degradação económica, combinada com uma crise de expectativas, e com a desagregação do projecto europeu, os partidos são naturalmente arrastados pela derrocada. Por outro lado, estamos confrontados com uma ausência de narrativas consistentes, capazes de responder às novas circunstâncias e de articular interesses em torno de políticas concretas. À direita viveu-se a ilusão de que a "austeridade expansionista", desde que combinada com uma moralização da crise, seria um caminho virtuoso (que, como hoje sabemos, falhou rotundamente); e à esquerda (no PS) vive-se a ilusão de que um alívio marginal da austeridade, desde que acompanhado por um discurso mais humanista, fará uma grande diferença.
[...]
Precisamos de dar resposta aos desequilíbrios orçamentais e à desagregação económica e social, mas é uma ilusão pensar que tal é possível se continuarmos reféns do actual vazio político. Os terrenos baldios que hoje nos circundam são férteis para fazer medrar todas as demagogias: das que cavalgam a corrupção como causa de todos os males e fazem da transparência uma virtude às que apontam baterias aos ressentimentos sociais para depois enunciarem soluções que têm tanto de simplista como de mirífico e perigoso."

Pedro Adão e Silva "Órfãos da tempestade", no Expresso.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Passe livre



"O Gigante acordou". A verdade é que se trata da revolta da nova burguesia que os governos de Lula da Silva tirou da pobreza. Os políticos tradicionais que se cuidem, sobretudo os de esquerda que julgam que têm o monopólio das "revoluções", que acontecerá quando eles decretarem. Open your eyes and see!

terça-feira, 18 de junho de 2013

O dedo na ferida




"Um proletário do Catujal compra um revólver e diz a um amigo que "ia haver mortes", referindo-se à sua mulher, que fora embora. Sete dias depois ele mata a mulher. Um jornal, que recolhe o testemunho do tal amigo, tem tempo e espaço para falar da depressão do assassino, mas esquece-se de perguntar à testemunha: "E que fez sobre a ameaça? Alertou a polícia?" Claro que o jornalista não perguntou, arriscava-se a ouvir: entre marido e mulher... Um médico que tinha sequestrado a mulher levou-me a tribunal, com esse argumento, por eu ter escrito uma reportagem sobre o seu abuso. Tive sorte, era juíza, e se calhar por ser juíza mandou-me embora, agradecendo. Isso aconteceu dez anos depois de Adélio ter matado Maria, quando ela voltou para casa depois de ter andado com outro. Julgado nas vésperas do 25 de Abril, o juiz-corregedor de Viseu sentenciou Adélio: "(...) Justifica-se a reação do réu contra a mulher adúltera que abandonou o lar." E deu-lhe só dois anos. Estava aquele jornal português sem pôr a pergunta devida ao amigo do assassino, um jornal inglês publicou fotografias de uma celebridade televisiva, Nigella, a ser agarrada pelo pescoço pelo multimilionário do marido, Charles. Foi num restaurante, em Mayfair, cheio de paparazzi. Daí as fotos. Mas um restaurante vazio de gente. Daí ninguém ter acudido. Ele há género humano e ela há género humano. Esta última, rica ou pobre, é como se fosse de segunda. Mas não é. Não é."

Ferreira Fernandes, Fechar os olhos a uma guerra civil

domingo, 16 de junho de 2013

Citação

"Podia continuar a enumerar exemplos de como Portugal, não sendo o país com que todos sonhámos, é hoje bem melhor do que há 30 anos. Foram cometidos erros, mas o alcance das transformações sociais dá-nos motivos de orgulho como comunidade. [...] Pelo desculpa pela desabafo mas não me conformo com a inercia das mulheres e dos homens bons do meu país perante a rápida destruição do que construímos. Podemos aceitar que a história não é uma caminhada imparável rumo ao progresso; sabemos também que os constrangimentos que enfrentamos nos colocam desafios difíceis de gerir; o que não devemos é tolerar com passividade que, através de uma combinação explosiva de incompetência e voracidade ideológica, se vá lançando as bases de um "Estado de excepção". A ligeireza com que o Governo tem afrontado a Constituição é aviltante. [...] A incompetência é uma marca igualmente distintiva. [..] Foi com incredulidade que vimos a queda do investimento ser justificada pela chuva. [...] Não podemos permitir que façam de nós o que lhes apetece, baseados em diatribes ideológicas sem qualquer sustentação com a realidade.
O problema está para lá da esquerda e direita. O que está em causa não é secundarizar  diferenças ideológicas. É tão só resolver um problema anterior: devolver Portugal à razoabilidade. Para isso precisamos urgentemente de outro Governo e de outra coligação social. Tenho a certeza que há suficientes homens e mulheres bons no meu país para impedirem a continuação do desastre em curso. Ficamos a aguarda a vossa acção.

Pedro Adão e Silva, Carta aos Homens Bons do Meu País"

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Isto é uma guerra




"O relatório do FMI ontem apresentado estabeleceu uma nova "linha vermelha". Ao anunciar, ao contrário do que tinha feito Passos Coelho na famosa carta à troika de 3 de Maio, que os cortes de 4,7 mil milhões vão ser feitos em dois anos e não em três, o FMI desmente o governo de Portugal e impõe uma dose cavalar - e insustentável - de austeridade em cima da já existente. O relatório do FMI é a sentença de morte do Estado social, é uma ordem de destruição da classe média, a implosão do funcionalismo público e um ataque sem precedentes aos reformados do Estado que sustentam neste momento os filhos desempregados. Tudo isto vai agravar ainda mais os níveis de desemprego e levar o que resta da economia para o poço. Infelizmente, para o FMI essa recessão é bem-vinda - porque ajuda a equilibrar a balança de pagamentos. Quanto aos efeitos colaterais, como a destruição da economia - não só nacional como europeia - e o desemprego em massa são habilidosamente esquecidos neste relatório.
Mas preparemo-nos para daqui a um ano aparecer um novo relatório, em que um técnico do FMI de elevado gabarito condenará o excesso de austeridade imposto a Portugal, como recentemente aconteceu em relação à Grécia - mas já muitos milhares de empregos se terão entretanto perdido, muitas empresas terão fechado e Portugal terá perdido, como a Grécia já perdeu, o estatuto de "país desenvolvido" para passar a ser um território "em vias de de- senvolvimento", como era nos anos 70.
O FMI tenta, dia sim, dia não, aparecer como o bonzinho da troika. Na entrevista à SIC, o Presidente da República defendeu que o FMI saísse da troika, porque tem interesses diferentes dos países europeus (na prática, quem manda no FMI são os Estados Unidos). A questão é que, no essencial, a receita do FMI é idêntica à da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu. O Tratado Orçamental - que o FMI vem aconselhar o governo a invocar para tentar fintar as declarações de inconstitucionalidade, é a obra mais estúpida que os europeus fizeram em plena crise do euro. E, infelizmente, teve o acordo das duas maiores famílias políticas que compõem a Europa - partidos de direita e socialistas. É estranho ver socialistas a impedir políticas expansionistas, mas aconteceu. Amarrada a um tratado orçamental que pede o défice zero (incumprível) e a receitas recessivas, a Europa caminha para o abismo económico, a que se segue o político. Isto é uma guerra."

Ana Sá Lopes, "Se isto não é uma linha vermelha", jornal i


terça-feira, 11 de junho de 2013

Moita, carrasco!



É  nestas alturas que como oeirense me apetece fugir para Elsinore. Esta malta tanto vota no polícia [candidato do governo], como vota no ladrão.  Triste gentinha deprimente.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Solilóquio



Derivado a uma pequena intervenção cirúrgica o blogue fica temporariamente em pousio. Até já.