segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Vou num pé e venho noutro


Doces águas e claras do Mondego,
doce repouso de minha lembrança,
onde a comprida e pérfida esperança
longo tempo após si me trouxe cego:

de vós me aparto; mas, porém, não nego
Que inda a memória longa, que me alcança,
me não deixa de vós fazer mudança;
mas quanto mais me alongo, mais me achego.

Bem pudera Fortuna este instrumento
d' alma levar por terra nova e estranha,
oferecido ao mar remoto e vento;

mas alma, que de cá vos acompanha,
nas asas do ligeiro pensamento,
para vós, águas, voa, e em vós se banha.
 
Luís Vaz de Camões



domingo, 29 de agosto de 2010

Mineiros de San Jose - Chile

Um excelente post da Ana Paula Fitas na 


Intillimani - Alturas

Sinto-me camelo

"Estado investiu €936 mil em empresa que faliu dois meses depois."
  Jornal Expresso

E não acontece nada?

Solilóquios (11)

"Ele ouve-me quando quer e quando não quer
Angelo Correia em entrevista ao Expresso, sobre Pedro Passos Coelho.

Amy Winehouse - you know I'm no good


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Que alívio...!

 Ah bom, se  o professor diz que  "não vê qualquer ligação com o caso Queiroz ficamos todos muito mais descansados.

Minuciosa Formiga

 
 
Minuciosa formiga
não tem que se lhe diga:
leva a sua palhinha
asinha, asinha.

Assim devera eu ser
e não esta cigarra
que se põe a cantar
e me deita a perder.

Assim devera eu ser:
de patinhas no chão,
formiguinha ao trabalho
e ao tostão.

Assim devera eu ser
se não fora não querer.

              Alexandre O'Neill

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Non sense

Não, não vou comentar esta coisa. Ademais, quando nos apercebemos destes valores, perde-se a vontade de comentar seja o que for. Ah, pois é, os políticos esses malandros, têm uns salários exorbitantes. Há aqui qualquer coisa que não bate certo...


Marianne Faithfull - Working class hero

Tendências....


Hoje resolvi dar vazão à minha má disposição matinal. Qual é a graça que isto tem? Não a miúda obviamente. Isto é uma praga, por todo lado só se vê vestidos em cima de jeans, haja paciência!

Primeira plateia (16)



 Diva, simplesmente uma homenagem na RTP2.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Paris já está a arder?


Em 25 de Agosto de 1944 os tanques aliados entraram em Paris.  Paris já está a arder? é um filme épico que relata a luta travada pela Resistência nos dias que antecederam a libertação.
Hoje a França entretém-se a expulsar ciganos. Pobre França.

Olé!

Até os comemos !

Primeira Plateia (15)



Sol Enganador um filme de Nikita Mikhalkov. Tenho de rever este filme.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Sacco e Vanzetti

Bartolomeo Vanzetti e Nicolla Sacco

No dia 23 de Agosto de 1927, nos Estados Unidos, Sacco e Vanzetti foram executados na cadeira eléctrica, acusados de um crime que não cometeram. O processo durou sete anos sem que tenha sido feita prova da autoria do crime. De nada valeram os protestos da comunidade intelectual norte-americana e dos milhares pedidos de clemência encaminhados por eles, aos quais se somaram tantos outros pedidos do mundo inteiro.  Tudo foi inútil.
aqui
Assinalar esta data é um manifesto contra a pena de morte, onde quer que esta barbaridade tenha lugar.


Ennio Morricone - Balada para Sacco e Vanzetti-  por Dulce Pontes

Isto está mau....


Estou de ressaca, três derrotas inglórias do Benfica é demais para a minha capacidade de entendimento....

À segunda, segundo Saramago (3)

(...)
Mas tu, Ananias, que sempre foste homem de paz, vais-te agora meter em guerras contra os romanos, lembra-te do que a aconteceu a Efraim e a Abiezer, E também a Neftali e a Eleazar, Escuta então a voz do bom senso, Escuta-me tu, José, seja qual for a voz que fale pela minha boca, tenho hoje a idade do meu pai quando morreu, e ele fez muito mais na vida do que este seu filho que nem filhos pôde ter, não sou sábio como tu para vir a ser um ancião na sinagoga, daqui para diante não terei nada mais para fazer que esperar todos os dias a morte, ao lado duma mulher que já não quero, Divorcia-te, então, A questão não está em divorciar-me dela, a questão estaria em divorciar-me de mim, e isso não é coisa que se possa, E tu, que vais poder tu na guerra, com essas poucas forças, Vou para a guerra como se pensasse ir fazer um filho, Nunca tal ouvi dizer, Eu também não, mas esta foi a ideia que me veio agora, Cuidarei da tua casa até voltares, Se eu não voltar, se te disserem que morri, prometes-me que mandarás avisar Chua para que ela tome posse do que lhe pertence, Prometo, Vamos embora, agora estou em paz, Em paz quando decides ir para a guerra, em verdade, não compreendo, Ai, José, José, por quantos séculos ainda teremos de ir acrescentando a ciência do Talmude até podermos chegar à compreensão das coisas mais simples.
(...)
Em casa de Ananias foram encontrar Maria que tentava consolar a lacrimosa Chua, mas o choro parou assim que os homens entraram, não que Chua tivesse deixado de chorar, a questão é que as mulheres aprenderam com a dura experiência a engolir as lágrimas, por isso é que dizemos, Tanto choram como riem, e não é verdade, em geral estão a chorar para dentro.

(O Evangelho segundo Jesus Cristo - trechos das páginas 147 e 148 - 2ª edição)

sábado, 21 de agosto de 2010

Freud explica


 
Os badalhocos do costume sentem-se ameaçados pelos naturistas. Estes valentes grunhos de todas as cores e feitios, armam-se de paus enquanto espreitam pelo canto do olho, e aí vai disto. Uma tristeza.
"As alegações da população são exageradas, concorda o Capitão do Porto da Póvoa de Varzim, comandante  Sá Coutinho: "Nunca foi ali detectada qualquer situação  de prática sexual pública".

Sem título....

Paseo a Orilla del Mar - Joaquin Sorolla

Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto ao mar

Sophia de Mello Breyner Andresen - Livro Sexto

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

"Coco" Chanel


"La nature vous donne le visage que vous avez à 20 ans. La vie forme le visage que vous avez à 30 ans. Mais à 50 ans vous avez le visage que vous méritez."
 
Nascida a 19 Agosto de 1883,  Gabrielle "Coco" Chanel  mulher muito à frente do seu tempo, revolucionou a maneira de vestir das mulheres da década de 20 com estilo e elegância. Libertou a mulher dos anos 20 dos trajes desconfortáveis e rígidos do final do século 19, e criou um estilo à sua imagem : independente, e com personalidade.  

 

(Extracto da sua primeira entrevista  à TV)

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Solilóquios (10)

 
Somos o país da União Europeia que mais consome psicotrópicos. Com este tipo de processos ficamos a perceber porquê.

Saudades da Ilha...

CAMÕES NA ILHA DE MOÇAMBIQUE

É pobre e já foi rica. Era mais pobre
quando Camões aqui passou primeiro,
cheia de livros a cabeça e lendas
e muita estúrdia de Lisboa reles.
Quando passados nele os Orientes
e o amargor dos vis sempre tão ricos,
aqui ficou, isto crescera, mas
a fortaleza ainda estava em obras,
as casas eram poucas, e o terreno
passeio descampado ao vento e ao sol
desta alavanca mínima, em coral,
de onde saltavam para Goa as naus,
que dela vinham cheias de pecados
e de bagagens ricas e pimentas podres.
Como nau nos baixios que aos Sepúlvedas
deram no amor corte primeiro à vida,
aqui ficou sem nada senão versos.
Mas antes dele, como depois dele,
aqui passaram todos: almirantes,
ladrões e vice-reis, poetas e cobardes,
os santos e os heróis, mais a canalha
sem nome e sem memória, que serviu
de lastro, marujagem, e de carne
para os canhões e os peixes, como os outros.
Tudo passou aqui ─ Almeidas e Gonzagas,
Bocages e Albuquerques, desde o Gama.
Naqueles tempos se fazia o espanto
desta pequena aldeia citadina
de brancos, negros, indianos e cristãos,
e muçulmanos, brâmanes, e ateus.
Europa e África, o Brasil e as Índias,
cruzou-se tudo aqui neste calor tão branco
como do forte a cal no pátio, e tão cruzado
como a elegância das nervuras simples
da capela pequena do baluarte.
Jazem aqui em lápides perdidas
os nomes todos dessa gente que,
como hoje os negros, se chegava às rochas,
baixava as calças e largava ao mar
a mal-cheirosa escória de estar vivo.
Não é de bronze, louros na cabeça,
nem no escrever parnasos, que te vejo aqui.
Mas num recanto em cócoras marinhas,
soltando às ninfas que lambiam rochas
o quanto a fome e a glória da epopeia
em ti se digeriam. Pendendo para as pedras
teu membro se lembrava e estremecia
de recordar na brisa as cróias mais as damas,
e versos de soneto perpassavam
junto de um cheiro a merda lá na sombra,
de onde n’alma fervia quanto nem pensavas.
Depois, aliviado, tu subias
aos baluartes e fitando as águas
sonhavas de outra Ilha, a Ilha única,
enquanto a mão se te pousava lusa,
em franca distracção, no que te era a pátria
por ser a ponta da semente dela.
E de zarolho não podias ver
distâncias separadas: tudo te era uma
e nada mais: o Paraíso e as Ilhas,
heróis, mulheres, o amor que mais se inventa,
e uma grandeza que não há em nada.
Pousavas n’água o olhar e te sorrias
─ mas não amargamente, só de alívio,
como se te limparas de miséria,
e de desgraça e de injustiça e dor
de ver que eram tão poucos os melhores,
enquanto a caca ia-se na brisa esbelta,
igual ao que se esquece e se lançou de nós.

(Jorge de Sena)
Julho 72
in «Camões Dirige-se aos seus Contemporâneos», 1973



Primeira Plateia (13)




Son qual nave chagitata
da più scogli in mezzo allonde
si confonde e spaventata
va solcando in alto mar.
Ma in veder lamato lido
lascia londe e il vento infido
e va in porto a riposar.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Revisitar Carlos Drummond de Andrade

Os ombros suportam o mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espectáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade 31-10-1902/17-08-1987

Kind of Blue




Foi há 51 anos que  Miles Davis lançou Kind of Blue o álbum mais vendido de toda a história do jazz, uma obra prima.

Há trinta anos eu  sofria daquela coisa  meia indefinida  constituída por preguiça mental, comodismo acústico  e uma certa irritação por me parecer que não gostava de jazz. Mas que diabo, se isto é bom porquê que eu não hei-de gostar? Estava em Paris na FNAC e resolvi comprar o album. Foi coup de foudre, nunca mais ouvi música da mesma maneira.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Primeira Plateia (12)



Melody Gardot - love me like a river does

Isto é normal?

 

Digam-me por favor que eu estou a delirar e que  isto não é o parece!!!

À segunda, segundo Saramago (2)

"Ao terceiro dia achou-se ridículo e não desceu, fez-se esquecido e desejou que o esquecessem. Era não conhecer Salvador. Na hora extrema bateram-lhe à porta, Lídia entrou com a bandeja, colocou-a sobre a mesa, dissera, Bons dias, senhor doutor, com naturalidade, é quase sempre assim, um homem rala-se, preocupa-se, teme o pior, julga que o mundo lhe vai pedir contas e prova real, e o mundo já lá vai adiante, a pensar noutros episódios.
(....)
Lídia, disse Ricardo Reis, ela pousou a bandeja, levantou os olhos cheios de susto, quis dizer, Senhor doutor, mas a voz ficou-lhe presa na garganta, e ele não teve coragem, repetiu, Lídia, depois, quase num murmúrio, atrozmente banal, sedutor ridículo, Acho-a muito bonita, e ficou a olhar para ela por um segundo só, não aguentou mais do que um segundo, virou costas, há momentos em que seria bem melhor morrer, (...)

Deitou-se, apagou a luz, deixara ficar a segunda almofada, fechou os olhos com força, vem, sono, vem, mas o sono não vinha, na rua passou um eléctrico, talvez o último, quem será que não quer dormir em mim, o corpo inquieto, de quem, ou o que não sendo corpo com ele se inquieta, eu por inteiro, ou esta parte de mim que cresce, meu Deus, as coisas que podem acontecer a um homem. Levantou-se bruscamente, e, mesmo às escuras, guiando-se pela luminosidade difusa que se filtrava pelas janelas, foi soltar o trinco da porta, depois encostou-a devagar, parece fechada e não está, basta que apoiemos nela subtilmente a mão. Tornou a deitar-se, isto é uma criancice, um homem, se quer uma coisa, não a deixa ao acaso, faz por alcançá-la, haja vista o que trabalharam no seu tempo os cruzados, espadas contra alfanges, morrer se for preciso, e os castelos, e as armaduras, depois, sem saber se ainda está acordado ou dorme já, pensa nos cintos de castidade de que os senhores cavaleiros levaram as chaves, pobres enganados, aberta foi a porta deste quarto, em silêncio, fechada está, um vulto atravessa tenteando, pára à beira da cama, a mão de Ricardo Reis avança e encontra uma mão gelada, puxou-a, Lídia treme, só sabe dizer, Tenho frio, e ele cala-se, está a pensar se deve ou não beijá-la na boca, que triste pensamento."

(O Ano da Morte de Ricardo Reis - trechos das paginas, 97, 98, 99 - 2ª edição autografada)

Abbey Lincoln


6 de Agosto 1930-14 Agosto 2010.
 "Aprendi com Billie. Não se trata de mostrar que temos boa voz. Trata-se de ter alguma coisa para dizer."


Tive o privilégio de assistir ao concerto dela no CCB. Memorável.

domingo, 15 de agosto de 2010

"Eles" em férias

Estas são as fotos de que se fala. Pessoalmente não gosto de retratos "bem compostos". Se é para parecer natural, por favor aprendam a fazê-las. 1-0 para  Sócrates.

fotos tiradas daqui

Solilóquios (9)

Anda o país inteiro entretido a culpar o vizinho do lado de desleixo, incúria, falta de políticas adequadas contra este flagelo, e afinal este senhor tem a solução. Por favor, falem com ele...

Primeira Plateia (11)



Bom domingo!

sábado, 14 de agosto de 2010

Deslumbramentos...

ESTADO SEGUNDO

          XX

       Não houve
         nunca
    acima do mundo
   a alegre aventura
   de um sol militar


                 Mário Cesariny

Vai um Daiquiri?


ora vejam como é simples ...

Beautiful People


Depois e ler esta notícia sobre as óptimas notícias com que a nossa beautiful peopel não se cansa de nos presentear, a nós, os camelos que os sustentamos, vou até à praia.

Jazz em Agosto (2)

Fui ouvir a fascinante e fulgurante actuação do quinteto de Louis Sclavis em Lost on the Way. Procurei, mas as gravações que encontrei têm uma péssima captação de som. Aqui fica uma muito pequena amostra da actuação do quinteto em 2008. No anfiteatro ao ar livre da Gulbenkian a noite estava amena, e até o vento se aquietou.

.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Hoje descobri um poeta

O Sul

O sol o sul o sal

as mãos de alguém ao sol
o sal do sul ao sol
o sol em mãos do sul
e mãos de sal ao sol
O sal do sul em mãos de sol
e mãos de sul ao sol
um sol de sal ao sul
o sol ao sul
o sal ao sol
o sal o sol

e mãos de sul sem sol nem sal
Para quando enfim amor
no sul ao sol
uma mão cheia de sal?

Poema “O Sul”. In: Ruy Duarte de Carvalho. A Decisão da Idade. Luanda, União dos escritores Angolanos, 1976, p.5. aqui

Cristina Josefa

Ferreira Fernandes
"Josefa, 21 anos, a viver com a mãe. Estudante de Engenharia Biomédica, trabalhadora de supermercado em part-time e bombeira voluntária. Acumulava trabalhos e não cargos - e essa pode ser uma primeira explicação para a não conhecermos. Afinal, um jovem daqueles que frequentamos nas revistas de consultório, arranja forma de chamar os holofotes. Se é futebolista, pinta o cabelo de cores impossíveis; se é cantora, mostra o futebolista com quem namora; e se quer ser mesmo importante, é mandatário de juventude. Não entra é na cabeça de uma jovem dispersar-se em ninharias acumuladas: um curso no Porto, caixeirinha em Santa Maria da Feira e bombeira de Verão. Daí não a conhecermos, à Josefa. Chegava-lhe, talvez, que um colega mais experiente dissesse dela: "Ela era das poucas pessoas com que um gajo sabia que podia contar nas piores alturas." Enfim, 15 minutos de fama só se ocorresse um azar... Aconteceu: anteontem, Josefa morreu em Monte Mêda, Gondomar, cercada das chamas dos outros que foi apagar de graça. A morte de uma jovem é sempre uma coisa tão enorme para os seus que, evidentemente, nem trato aqui. Interessa-me, na Josefa, relevar o que ela nos disse: que há miúdos de 21 anos que são estudantes e trabalhadores e bombeiros, sem nós sabermos. Como é possível, nos dias comuns e não de tragédia, não ouvirmos falar das Josefas que são o sal da nossa terra? "
Maurice Ravel - Pavane pour une Infante defunte

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Dá-me música!




Estamos safos. Vem aí o chefe da banda pôr ordem no beco.



(Velhos Camaradas - marcha militar alemã)

Solilóquios (8)

Estou aqui a pensar com os meus botões, mas será  é que preciso vir este homem lá de Londres, para dizer o óbvio? Está tudo a banhos? Acordem.......!!!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O cérebro esse desconhecido...

Juan Guilhermi M. de Lara - Cérebros Espongiformes
A própósito deste post do Rogério, lembrei-me que aqui há tempos fiz um desses testes  da treta que aparecem na net, para determinar  o "sexo do cerebro". O resultado foi  decepcionante, já que estava determinada a provar a mim própria que era meiga e doce que nem uma melga, quando fui remetida para o lote dos híbridos com uma pouca esclarecedora pontuação de 10,  correspondendo no teste, a um cérebro misto...., assim pró-hermafrodita!!! Lá se me foram as manias...

Piso escorregadio

A propósito disto estou aqui a pensar com os meus botões, que há pessoas que têm uma certa propensão [e uma grande azarina....?], para se verem envolvidas nos mais estrambólicos casos....



Pink Floyd - Dark Side of the Moon

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Loirices (2)




Não me perguntem porquê, não sei explicar, a verdade é que ao ler isto a primeira reacção que tive foi assobiar a musica de Burt Bacharat  What New Pussycat, cantada pelo jovem Tom Jones nesta brilhante e hilariante comédia dos anos sessenta. A canção teve um êxito retumbante e foi mesmo candidata ao óscar de melhor canção original. Teve graça, porque eu já nem me lembrava que os  jovens Woody Allen, Ursula Andress, Françoise Hardy, integravam o luxuoso elenco de actores de boa memória como Peter O'Toole , Peter Sellers, Romy Sshneider, Capucine... 



Vai um Mojito?

 
A coisa tem a sua ciência, ora vejam...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Mas que calor!

 
Castelo de  Muskau  Alemanha

Inferno de fogo e calor na Rússia, o diluvio na Europa Central.. estou aqui em cogitações profundas sobre os efeitos do  aquecimento global,  e a chamar-me burra por estar sempre a adiar a compra de um aparelho de ar condicionado, já não tenho idade para este calor...é o costume, só nos lembramos de Santa  Bárbara quando troveja.

À segunda, segundo Saramago (1)


Foto de Sebastião Salgado

..."Aliás, seria inútil porque o elefante já se aproximava. Subhro fê-lo deter-se diante do homem que se encontrava no extremo direito da primeira fila e disse em voz clara, A mão estendida, a palma para cima. O homem fez o que lhe ordenaram, a mão ali estava, firme na aparência. Então o elefante pousou sobre a mão aberta a extremidade da tromba e o homem respondeu ao gesto instintivamente, apertando-a como se fosse a mão de uma pessoa, ao mesmo tempo que tentava dominar a contracção que se lhe estava a formar na garganta e que poderia, se deixada à solta, terminar e, lágrimas. Tremia dos pés à cabeça, enquanto subhro, lá de cima, o olhava com simpatia.
.....
Em compensação, houve momentos de vivíssima emoção, como foi o caso daquele homem que explodiu num choro convulsivo como se tivesse reencontrado um ser querido de quem havia muitos anos não tinha notícias. A este tratou-o o elefante com particular complacência. Passou-lhe a tromba pelos ombros e pela cabeça em carícias que quase pareciam humanas, tal eram a suavidade e a ternura que delas se desprendiam no menor movimento. Pela primeira vez na história da humanidade, um animal despediu-se, em sentido próprio, de alguns seres humanos"....

(José Saramago - A Viagem do Elefante)


Yo-Yo Ma - Bach- Preludio da suite  nº 1

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Blogando (1)

José Simões, num brilhante post como é seu timbre, chama a atenção para esta inenarrável barbaridade. Mas o melhor é verem o post completo aqui.. Há lá pano para mangas.

Solilóquios (7)

 


Estou aqui com os meus botões a ruminar nisto... patáti patátá.......mas o que será...?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Loucos à solta

Os números são assustadores. Neste jardim à beira mar plantado, só este ano, vinte e três mulheres morreram vítimas de violência doméstica, uma mulher por semana até à data de hoje. Este é um ranking nojento onde   Portugal, infelizmente, consta  nas primeiras posições da União Europeia.

"Porque razão, depois de disparar sobre a mulher, veio para o patamar fumar um cigarro?"
Esta pergunta, feita pela advogada de acusação, no decorrer do julgamento de um homem (?) de 28 anos, que matou a sua mulher a sangue-frio, há quase dois anos, é uma pergunta que revela, nela só, toda a estupefacção, o espanto, mas também a raiva contra a impotência que todos devemos sentir, pelo facto de nada podermos fazer antes. Os assassinos, os agressores, os maltratantes, os violadores, os pedófilos, esses, têm a possibilidade e o prazer de... fumar um cigarro, depois!"

Periodicamente, como um pêndulo, lá vêm estas desgraçadas notícias, como se uma fatalidade se tratasse.

 E preciso denunciar! é preciso dizer BASTA!

Marilyn...

1/06/1926 - 5/08/1962

Foi há 48 anos, que segundo a versão oficial, ela ingeriu uma dose excessiva de barbitúricos...


Cena do filme "Some Like it Hot" (1959) de  Billy Wilder

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Solilóquios (6)

Numa arca dos congelados do supermercado reparo que foi deixada uma embalagem da charcutaria com um frango assado. Valor 2,35 euros. Apertou-se-me o estômago. Mas que grande merda.

Momento de poesia...

POIS

O respeitoso membro de azevedo e silva
nunca perpenetrou nas intenções de elisa
que eram as melhores. Assim tudo ficou
em balbúrdias de língua cabriolas de mão.

Assim tudo ficou até que não.

Azevedo e silva ao volante do mini
vê a elisa a ultrapassá-lo alguns anos depois
e pensa pensa com os seus travões
Ah cabra eram tão puras as minhas intenções
E a elisa passa rindo dentadura aos clarões.


(Entre a cortina e a vidraça - 1972)
Alexandre O'Neill, Poesias Completas, Assírio & Alvim, Lisboa, 2000

A Maior Flor do Mundo (1)



“Quem sabe se um dia virei a ler esta história, escrita por ti que me lês, mas muito mais bonita?”

(José Saramago)



As palavras são como as cerejas. Este repto do Rogério  na sequência disto constitui para mim uma grande motivação. Esta é a primeira história desta série -  "A Maior Flor do Mundo" - recontada pelas crianças, retirada daqui. Conta-nos uma história de Amizade, essa coisa aparentemente tão fácil, mas na realidade cada vez mais difícil de encontrar e cultivar. 

"Numa aldeia, uma aldeia chamada Aldeia do Pico, situada no pico da montanha, morava um rapaz. Esse rapaz era muito aventureiro, adorava andar por aí a descobrir novas coisas e novos “mundos”.

Numa bela tarde de Verão, estava o menino numa das suas aventuras, quando deu conta que estava perdido. Mas nada o fez parar. Ele continuou e seguiu o seu instinto. Andou, andou, andou e, finalmente, estava no cimo da montanha mais alta de toda a aldeia do Pico. Mas a visão dele não era muito entusiasmante. Apenas conseguia ver um vasto e deserto campo, nada mais, nada menos. Apenas havia um pequeno, e quase insignificante, sinal de vida. Era uma pequena, feia e murcha flor. Mas o menino tinha muita pena dela. Tentou ir buscar água, mas nada feito. Onde é que num campo tão seco, tão vasto, situado no pico da montanha, se poderia encontrar água?

Ele tentou ajudá-la o mais que podia. Tapou-a do quente e forte sol de Verão, que banhava a Aldeia do Pico, tentou protegê-la de tudo e de todos. Afastou as ratazanas que andavam a roer o seu caule e os grandes enxames que vinham para roubar o seu pouco pólen. Mas estava a anoitecer. O pobre rapaz estava cansado e sem forças. Até que adormeceu.

O dia tinha chegado. Ouvia-se o rouxinol que todos os dias cantava ao pé do quarto do rapaz, ouvia-se o antigo relógio de pêndulo que estava pendurado na parede dele, sempre no seu barulho “tic, tac, tic, tac…”.

– Bom! – o rapaz acordou disparado da cama. Ele nem sabia se estava a sonhar ou não. Estava sentado, na sua bela e fofa cama, com o seu adorado e antigo relógio de pêndulo e com o seu amigo rouxinol com sua bela e bonita voz. Mas o que o surpreendia mais nem era tudo isto. Mesmo em cima da sua mesa-de-cabeceira estava, num grande vaso, a flor que vira no dia anterior. Mas não parecia a mesma flor. Era bonita, com fortes e bonitas cores. O rapaz estava feliz.

Esta sim era a maior flor do mundo. Não em tamanho, mas sim em amizade.

Esta é a minha história. Foi assim que eu a contei. E é desta maneira que se faz uma história com palavras mais simples, e mais bonitas (segundo o escritor).

Benedita Sá e Cunha

4º Ano B

Colégio Sagrado Coração de Maria, Lisboa

Setembro de 2009"

Jazz em Agosto

Esta é uma das razões porque gosto de estar por cá em Agosto, sexta-feira lá estarei.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

José Saramago



Sigo o bom exemplo do Carlos que deu sequência a esta iniciativa do Rogério, de homenagear José Saramago, difundindo este texto . O objectivo é vencer o silenciamento e a omissão que se instalou em Portugal depois da morte do nosso Nobel, e alertar as consciências contra as as inexplicáveis atitudes do mais retrógrado provincianismo grunho. Aqui deixo o meu contributo que espero se enquadre nos propósitos da iniciativa.