Não me gabo do meu português, nem escrito nem falado, e tenho pena que ele seja tão medíocre. Sou do tempo em que se faziam cópias e ditados na instrução primária. Nesses velhos tempos em que as teorias pedagógicas da modernidade ainda não faziam escola no nosso ensino, eram comuns os castigos corporais, vulgo reguadas. Por cada erro no ditado éramos chamados à vez à professora e já sabíamos, estendíamos a mão palma para cima, e aguentava-se à espera das reguadas fatais. Traz, traz!
Um dia, penso que terá sido entre a segunda e a terceira classe, fiz um ditado de tal maneira mau que tinha para cima de uma dúzia de erros. Olhei alarmada para o resultado, vexada e derrotada, enquanto aguardava que a senhora professora me chamasse para o castigo da praxe. Quando chegou a minha vez ela olhou para mim e disse: - com uma prova vergonhosa como esse ditado nem reguadas mereces -. E para minha miséria, não me bateu.
Sabe-se lá que traumas terei à conta disso, mas é verdade que sinto sempre alguma insegurança nestes terrenos da escrita, por isso longe de mim apontar o dedo seja a quem for. Mas arregalam-se-me os olhos cada vez que vejo escrito, cada vez com mais frequência, comer-mos, lavar-mos…(and so on), por aí adiante .
Ai tanta reguada a fazer falta por aí….