O país assiste entre a estupefacção e o medo ao desenrolar de um folhetim tide, nas palavras de António Costa na Quadratura do Circulo. Eu já lhe chamei novela mexicana de quinta ordem, qualificativos hã-os para todos os gostos, o que não há é qualquer sentido para o que se está a passar. A direita portuguesa, que tanto gosta de espetar farpas no lombo da esquerda bem pode limpar as mãos à parede. Cavaco Silva, que segundo uns deu posse a uma ministra, desconhecendo que Paulo Portas tinha já apresentado o pedido de demissão, segundo outros, que desse facto teve conhecimento uma hora antes da posse, não sai melhor nesta fotografia esburacada que qualquer dos outros dois personagens da novela. Na hipotese de desconhcer tinha obrigação de já ter falado ao país, impondo alguma ordem e exercendo os seus deveres. Se teve conhecimento prévio, participou conscientemente numa farsa o que é gravissimo, prega mais um prego no caixão da sua credibilidade, incapacidade, falta de qualidades para exercer o cargo, unir e tranqulizar o país. Os portugueses sentem-se abandonados, entregues à sua sorte, com uma grave crise de representação ao nível das instituições, sentem-se enganados, traídos e humilhados. Passa pela cabeça de alguém, que o presidente esteja hoje a discutir o pós-troika com economistas, quando o segundo partido da coligação já adiou o congresso deste fim de semana, e pelos dados conhecidos parece cada vez mais improvável um acordo que possa ser levado a sério entre Passos Coelho e Paulo Portas? Então agora já não é urgente tranquilizar os mercados? É preciso correr com esta gentalha toda, mas toda, fonte de instabilidade e incompetência inimagináveis, a começar na presidência da república e acabar no governo. É urgente eleições, já!
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