quinta-feira, 31 de maio de 2012

Entalado, disse ela


"O Governo fez inquéritos, sindicâncias e depois levou tudo à justiça. Sim, o Governo fez inquéritos e sindicâncias incompetentes apenas porque foi obrigado a fazê-lo, e foi entregar à justiça porque tinha de entregar à Justiça."

[...] isto é uma guerra empresarial e, este sim, é o argumento escandaloso, é o argumento, se quisermos, patético e vergonhoso que qualquer primeiro-ministro devia ter vergonha em dizer".

O que eu gostaria era de ter ouvido estes argumentos na Assembleia da República durante o debate parlamentar. Esperemos que o Primeiro-Ministro e o acólito Relvas tenham comprado uma guerra a sério com o grupo Impresa, porque quanto ao resultado do confronto parlamentar,  o que se viu foi que  os partidos da oposição não tiveram uma estratégia clara para entalar o governo. Salvou-se o "grito" de Heloisa Apolónia. O resto foi pouco mais que encanar a perna à rã.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Demasiada relva para o meu quintal


"Amigos, aliados e inimigos são os dos Negócios";
"Ongoing promoveu cobertura mediática da “guerra” com a Impresa";
"Balsemão fala em  miséria moral nos serviços secretos".
 ... and last but not least o nosso pequeno Torquemada de Tomar afirma que saírá "mais forte" deste berbicacho. 
Eu é que já não tenho cabeça...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Novos tempos, pecados velhos


"Conversa sobre o financiamento da economia com o presidente de uma PME. "O gestor de conta do banco com que trabalho telefonou-me a dizer que a minha empresa tinha todas as condições para se candidatar à linha PME Crescimento e a perguntar-me seu eu não queria fazer isso. Disse-lhe que não tinha necessidade de momento, pois não estou a perspectivar investimentos a curto prazo. Mas ele insistiu. E disse-me que tinha toda a vantagem em pedir o financiamento para ganhar algum dinheiro. Como? Pedindo o crédito e colocando-o a render no banco. O juro que é aplicado ao empréstimo é inferior ao que os bancos pagam neste momento pelos depósitos. Portanto, fazer a operação dava-me a ganhar algum dinheiro."[...]

[...] Estes exemplos mostram que entre as boas intenções e a realidade vai um passo de gigante. Os governantes pensam que anunciar uma linha de crédito é o fim do trabalho. Infelizmente é o começo. A parte seguinte é garantir que o dinheiro chega a quem dele necessita e que é utilizado para os fins que se pretende. Tudo o que seja menos que isso, não evita o desastre."

Nicolau Santos, excerto da crónica  "As boas intenções e as duras realidades", Expresso


domingo, 27 de maio de 2012

A zona...





Lê-se e não se acredita:

..[...] a da criação de "zonas económicas especiais" em "países da crise" (Krisenländer), de que a Grécia ou Portugal são citados como exemplos ilustrativos. Essas "zonas" são conhecidas na China e procuram atrair investimentos aliviando substancialmente a carga fiscal para as empresas e eliminando grande parte da legislação protectora do trabalho ou do ambiente".


Mas com representantes destes é natural que os alemães se sintam em casa.



sexta-feira, 25 de maio de 2012

Serventes lusos...


"Não havendo uma iniciativa central, é essencial reforçar a solidariedade entre os seus membros. O Mecanismo Europeu de Estabilidade, criado nesta crise para ajudar os países em dificuldade, representa apenas 5% do PIB da zona euro, ou seja, peca por insuficiente. A resposta teria de passar por qualquer coisa semelhante aos títulos de dívida europeia (‘eurobonds' ou euro-obrigações), preferencialmente numa iniciativa conjunta."
É  incompreensível, para não dizer ridículo, que Passos Coelho se mantenha nesta toada de cão amestrado  da Sra. Merkel,  defendendo  uma posição que a própria Alemanha, mais cedo do que tarde, irá ter de alterar.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O verbo de encher


"Ninguém espera que o ministro da economia seja capaz de explicar seja o que for,  ele não tem essa capacidade, boa parte das coisas que ele diz transformam-se rapidamente em motivo de chacota".

Quando é este senhor que o diz, não sou eu que o vou contrariar. 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

A gangrena


Estou farta dos paninhos quentes, da falta de ousadia e do tom quase conciliatório com que os dirigente do PS estão a tratar o affaire Relvas. A questão é muito simples, Miguel Relvas ameaçou ou não a jornalista de divulgar anonimamente na internet factos da sua vida privada? Parece não restarem dúvidas sobre este ponto. Manuel Carvalho, sub-director de Público veio dar a cara e confirmar os factos. Não é hora de tergiversações. O momento já é suficientemente dificil e apodrecido, as famílias vivem tempos muito sofridos  com niveis de desemprego obscenos, que o primeiro-ministro  trata com a displicência conhecida, para termos ainda de engolir em seco mais esta vergonha que contribui para agravar a nossa depressão colectiva. Até parece que se deseja, de forma mais ou menos dissimulada, limpar este lixo para debaixo do tapete. "Eu não faço julgamentos prévios" diz  Zorrinho. Mas quais jugamentos prévios?  "É bom que o caso não gangrene"... está bem abelha! - a continuarem assim, vão ver o lindo enterro que o país vos reserva.

terça-feira, 22 de maio de 2012

O geuro e nós


Anuncia-se o casamento de conveniência entre  "ela" e o "geuro". O pessoal lá pela Merkelândia começar a perceber, tarde, que já nem eles estão a salvo...E para a tugalândia o peuro?

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Converseta de avental por causa das nódoas


"Julgo que é importante não desvalorizar o cumprimento das capacidades e competências da ERC sob pena de estarmos a desvirtuar o sistema"

Qual sistema?

domingo, 20 de maio de 2012

Europa, que futuro?


"Na Itália de Monti, suicida-se um pequeno empresário a cada três dias  e um grupo anarquista assalta as sedes das Finanças. Vaticina-se que, dentro de um ano, quando houver eleições, o mapa politico será outro: os partidos conservadores ter-se -ão dissolvido e recomposto; o centro, que aspirava a substituir os conservadores, terá deixado de existir e a esquerda terá finalmente decidido se quer ser centro-esquerda ou só esquerda. E há um novo partido, o dos indignados, o Movimento Cinco Estrelas (M5S), que obteve entre 10%-28% dos votos nas eleições municipais parciais deste mês."

Luísa Meireles, 15 dias que abalaram a Europa, Expresso

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Sondagem



Sondagem da Eurosodagem Expresso/SIC. Seguro mantém-se à frente de Coelho, a distância entre PS e PSD está no nível mais baixo depois das eleições de Junho. Portas continua firme e hirto no topo da tabela.

Dia Internacional dos Museus


O Museu da Cortiça em Silves, integrado no complexo turistico Fábrica do Ingés, foi distinguido em 2001 com o prémio Luigi Micheletti para o melhor museu industrial da Europa,  tendo recebido o galardão das mãos da rainha Fabíola da Bélgica. O museu encontra-se de portas fechadas há três anos devido à falência do complexo turistico Fábrica do Inglés.  Hoje, Dia Internacional dos Museus  reabre ao público  por algumas horas para mostrar o estado de abandono e desolação a que chegou. Este é um cartão de visita negro não só para a região, como para o país. Diz que há por aí um grande empresário que é o rei da cortiça. Será que não tem uns tostões para salvar e o museu? Com elites destas não é de admirar que estejamos no buraco.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Citação

A estupidez sistémica

Sejamos claros: o significado político da vitória de François Hollande não se encontra tanto nas ideias novas, ou inesperadas, de que ele seria portador, mas no facto de representar o triunfo de ideias conhecidas que, até aqui, tinham sido vencidas e marginalizadas pela ortodoxia ultraliberal.

Este triunfo comporta talvez comode resto é natural - muitos equívocos. Mas o que é um facto é que o seu impacto político se tornou óbvio em poucos dias, mostrando bem que não tinham razão os conformistas cínicos que diziam que nada mudaria com esta eleição.

Como também não a têm os que se entregam a arrebatamentos demagógicos, como se tudo tivesse mudado de um dia para o outro.

Para já, lancetou-se o abcesso político Merkozy. E os alemães também estão a dar uma piedosa ajuda, com a série de derrotas que estão a infligir à chanceler Merkel nas eleições regionais. Mas é bom ter a noção de que ela se reserva para as eleições nacionais do próximo ano, e que a esse nível está tudo em aberto. E o brutal agudizar da crise grega não vai facilitar a vida a ninguém.

Entretanto, o tratado orçamental está arrumado, porque - para lá das cada vez maiores e decisivas reservas dos social-democratas alemães - nem a França nem a Itália o ratificarão. Com a derrota de Nicolas Sarkozy, Angela Merkel ficou sem aliados na Europa, o único apoio significativo com que agora conta é o da Finlândia.

A eleição de F. Hollande contribuiu para redistribuir as cartas do jogo político europeu, criando uma generalizada expectativa sobre o que o novo Presidente conseguirá fazer. As suas principais bandeiras são a reafetação dos recursos disponíveis dos fundos estruturais, a recapitalização do Banco Europeu de Investimento, a criação de project bonds e a taxação das transações financeiras. Estas bandeiras também não são novas, mas a nova relação de forças dá-lhes - sobretudo depois da deriva política dos últimos anos - outra força e credibilidade.

Com exceção da Alemanha, caminha-se assim para um consenso europeu sobre a necessidade de mudar de método e de estratégia na União Europeia. E a Alemanha acabará, a meu ver, por preferir o compromisso ao isolamento.

O processo de "saída da crise" será, todavia, longo e difícil - e ninguém sabe se ainda se irá a tempo de evitar o pior. Sobretudo porque a Europa, depois de durante séculos ter identificado a mudança com o progresso e com a melhoria geral das suas condições de vida, está agora paralisada com medo dela, olhando-a como a origem de todos os males e de todas as ameaças.

Mas não vale a pena continuar a fingir - como tantos políticos fazem - que não sabemos que aquilo com que hoje lidamos é com o fim de "um" mundo, o mundo que construímos nas últimas décadas, mais ou menos a partir da II Guerra Mundial. Depois dos sonhos dominados pela miragem do ilimitado na energia, no consumo e no crédito, descobrimos subitamente o imperativo dos limites. 
 
E é nisso que estamos. O problema é que, com a crise dos subprimes e depois com a crise do euro, a descoberta dos limites foi também a descoberta de uma economia que se baseava na siderante incúria de uma indústria financeira apoiada nas mais sofisticadas tecnologias, que instauraram o que inspiradamente Bernard Stiegler designou como a "estupidez sistémica" do nosso tempo.

Estupidez que nasce do cruzamento do domínio tecnológico com a captura e a manipulação da atenção humana, nomeadamente através de um tão subtil como eficaz neuromarketing que promove um consumismo desenfreado, viabilizado pela incapacitação cada vez mais generalizada dos cidadãos.

Promovendo, por um lado, a destruição de todos os saberes e, por outro lado, a diluição de todas as responsabilidades.

E isto que explica o desatino político em que hoje se vive, bem como a ruína das evidências que nos cerca. Ruína das palavras, dos gestos e das ideias, que se tomaram vazias, previsíveis e inconsequentes, gerando uma atmosfera de crescente revolta, mas também de inegável impotência.

O que é preciso compreender é que estA estupidez sistémica foi - e continua a ser - criada pela progressiva perda das nossas capacidades, dos imensos saber-fazer e saber-viver das pessoas e das comunidades, cada vez mais sujeitas a uma socialização intensiva de tecnologias que apenas visam lucros fáceis.

Lucros que perderam qualquer perspetiva do investimento e qualquer sentido de médio/longo prazo, para se tomarem "naturalmente" especulativos, isto é, incapazes de se transformar em crédito útil para as economias, criando assim uma insolvabilidade cada vez mais estrutural.

A recente revelação do "buraco" de dois mil milhões de dólares pela J. P. Morgan veio mostrar que, por mais pesadas que sejam as lições da crise, a especulação financeira não desiste de continuar a intoxicar o mundo dos seus produtos derivados, persistindo na senda do ilimitado.

Por tudo isto, a mudança - se vier de facto a ocorrer - não se vai ficar a dever a nenhuma palavra mágica, ao contrário do que as recentes litanias em torno da palavra "crescimento" parecem insinuar. Mas há talvez uma outra palavra que pode sintetizar a mudança que hoje se impõe e todos procuramos: é a palavra transição.

Uma transição que corte com A estupidez sistémica e aposte num mundo viável. Uma transição que seja simultaneamente, financeira e económica, energética e ecológica, cultura e educacional, social e geracional.

Mas para isso precisamos de políticos que sejam, também eles, de transição: de políticos com outra lucidez, que não estejam cativos, nem do statu quo nem da da indignação declamatória. Era bom que fosse esse o caso de François Hollande!  

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Perguntar não ofende

Porque não fazemos um outsourcing dos serviços e informação? Tendo em conta o estado geral a que o país chegou, estou segura que ninguém conspira para roubar o segredo da nossa decadência. De forma que o melhor é comprar feito, contratualiza-se uma avença com os serviços secretos de um país decente e fica o assunto arrumado. O País  poupa  dinheiro, ganha em qualidade e confiencialidade e os portugueses são poupados às intervenções indigentes duma classe política representada por gente sem dignidade nem decoro.

Faites vos jeux , rien ne va plus...


Os gregos levantaram esta segunda-feira depósitos no valor 700 milhões de euros. O Chefe do Estado grego antecipa que a situação se está a degradar rapidamente e irá piorar nos próximos dias.  Perante este cenário não sei se o país chega inteiro a novas eleições.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

À espera de um milagre


A senhora Merkel perdeu as eleições no Estado da Renânia do Norte-Vestefália, no que é considerado um teste à sua política europeia de austeridade para salvar o euro. François Hollande fará a viagem a Berlin mais distendido. A verdade é que a política imposta pelo defunto Merkozy levou os países do Sul da Europa a um beco sem saída. Está também em causa a rectificação do Tratado Orçamental, que o SPD se recusa a aprovar nos termos em que foi imposto por Merkel. É de chorar a rir, ou de rir a chorar consoante os gostos, quando nos apercebemos da sangria desatada aqui dos indígenas para a aprovação a toda a pressa do tratado que, nos termos em que nos foi apresentado, o mais certo é não vir a ser rectificado pelos próprios alemães. Enfim, em dia de Aparições, ao menos que as trinta e uma toneladas de velas na Cova da Iria ajudem à ocorrência de outros milagres, que bem precisados andamos.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Ir além da ....Merkel



Se o ridículo matasse, este descabelado governo Passos/Gaspar/Relvas, seria um cemitério.

"Para votar a favor, SPD e Verdes exigem a introdução, à escala europeia, de um imposto sobre transacções financeiras, cuja receita deverá servir para promover políticas de emprego e crescimento económico nos países da moeda única com mais dificuldades financeiras."

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Há dias assim...




Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam


e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício


Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós


e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição


Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor


E há palavras noturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos conosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o
amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita


Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar

Mário Cesariny, You are welcome to Elsinore,  in Pena Capital, 1957

terça-feira, 8 de maio de 2012

Romper com a troika, ou o regresso da política


[...]
"A troika entrou aqui como se Portugal fosse um protectorado. Mas não é! Isso foi um erro terrível. O primeiro-ministro, com a sua mentalidade neoliberal, disse que era preciso ir além da troika, e isso não faz nenhum sentido, no meu entender. E cada vez faz menos, à medida que a receita se vai desfazendo."
[...]
"A austeridade tal como a definem não tem sentido. Pode haver uma certa austeridade, sim, mas devia começar no governo. A austeridade deveria começar no governo e não nas pessoas e, sobretudo, não nos pobres e nos desempregados."

[...aqui]

É altura de dizer basta a este nojo de gente responsável  pela crise bancária, sem um mínimo de pudor nem de decência,  e que agora obrigam os pobres a  pagá-la.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

É preciso algo mais...



Syrisa é o segundo partido mais votado nas eleições grega. O sistema político tradicional na Grécia acaba de implodir sob o peso de austeridade irracional e sem fim à vista, sem futuro para os jovens e vexatória para a dignidade dos gregos. O destino do PASOK é o espelho e um aviso sério ao Partido Socialista que tem hesitado em se demarcar vigorosa e frontalmente da austeridade que o (des)governo além da troika nos está a impõr. Ter aprovado apressadamente o iniquo Tratado Orçamental, sem ter conseguido pelo menos impôr a inclusão do anexo das políticas de crescimento e de apoio ao emprego foi um erro que o PS vai pagar caro.

À la Bastille


Le début "d'un mouvement qui se lève partout en Europe et peut-être dans le monde"

domingo, 6 de maio de 2012

Ça ira!

Ir além da troika...


Notícia do  Expresso "entrega de IVA abre onda de falências na restauração, este ano, o sector espera que fechem 21 mil restaurantes e que se percam 47 mil postos de trabalho".
 
Já sabemos qual é o conselho do primeiro-ministro: habituem-se! A malta obediente, já se está a habituar à marmita onde quer que vá.  
 

sexta-feira, 4 de maio de 2012

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Habituem-se, diz ele


"O desemprego está a subir em Portugal a um ritmo muito superior ao da média da zona euro. No conjunto do último trimestre do ano passado e do primeiro deste ano, a economia portuguesa regista mesmo a maior subida da taxa de desemprego em toda a União Europeia. A escalada do desemprego em Portugal continua sem fim à vista. Em Março, de acordo cornos dados publicados ontem pelo Eurostat, a taxa atingiu os 15,3% da população activa, renovando valores recorde que se vêm verificando desde início do ano. Portugal tem agora a terceira maior taxa de desemprego da Europa a 27, apenas atrás de Espanha e Grécia.

Mas tão ou mais preocupante que os valores do desemprego é o ritmo de subida do mesmo: nos últimos dois trimestres, a taxa aumentou 2,3 pontos percentuais em Portugal, de longe a maior subida em toda a União Europeia. Poderá apenas ser suplantada pela subida registada na Grécia, cujos dados mais recentes dizem respeito a Janeiro e, por isso, não permitem ainda fazer a comparação. E está bem acima da média da zona euro, onde a subida da taxa foi de 0,6 pontos percentuais
."



Fonte:Diário Económico

Sobre este drama, já todos conhecemos o pensamento do primeiro-ministro: "temos de estar preparados para viver durante pelo menos dois ou três anos com níveis de desemprego a que não estávamos habituados".

Não há quem lhe esfregue um gato morto na cara até ele miar?



quarta-feira, 2 de maio de 2012

Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado...

 


 "Os donos do Pingo Doce quiseram esfregar-nos na cara o nosso egoísmo, a nossa venalidade, a tremenda distância que nos separa dos outros, desde que de permeio esteja o nosso umbigo. Quiseram fazer-nos provar a gordura cobarde que temos em vez de músculo; explicar-nos, muito devagar, como se fossemos imbecis, que nada nos custa pisar as vidas dos vizinhos desde que seja para alcançar couratos a metade do preço. E conseguiram. Anunciaram primeiro que iam obrigar os seus trabalhadores a laborar no feriado do 1º de Maio. Quando alguma polémica eclodiu, sujeitaram a referendo nacional a solidariedade da manada tuga: "E se vos déssemos um desconto jeitoso, ainda ficariam do lado dos oprimidos, ou correriam por cima deles para agarrar vinho em saldos?" O resultado viu-se ontem pelas nossas ruas: milhares a encher bagageiras com os despojos dos direitos dos outros.

Nas declarações de rapina, o gáudio cheirava-se à légua: "Podemos registar o entusiasmo e a euforia dos nossos clientes, que precisam de campanhas como esta." Como precisamos, foi só assobiar para nos pormos de cócoras, orifícios lubrificados pela nossa própria cupidez.

Pouco depois, quase todas as grandes superfícies comerciais decretavam, à força de intimidação, a morte do 1º de Maio. Mais um capítulo na história da infâmia em que vamos dando razão ao ditador que nos baptizou como "uma nação de cobardes" - acrescentámos ontem a palavra que faltava: "Glutões."  " 

Luís Rainha, "Por um prato de lentilhas, mas com 50% de desconto"  

terça-feira, 1 de maio de 2012

De janeiro a janeiro....


"Na loja do Pingo Doce de Telheiras, uma das maiores da cadeia na zona da grande Lisboa, são milhares os clientes à espera de entrar e há longas filas de trânsito em redor daquela superfície. Muitas prateleiras estão vazias e, às 15h, os clientes chegavam com carrinhos de compras vazios de uma cadeia de supermercados concorrente para se poderem abastecer. Às quatro da manhã havia gente sentada à porta desta loja à espera da hora de abertura
 [...]
Pelo chão da enorme superfície comercial havia centenas de produtos abandonados. Pacotes de esparguete, arroz, latas de salsichas, garrafas de vinho partidas, entre outros, dificultavam ainda mais a circulação."


Mais palavras para quê? é o tuga é o tuga....

A liberdade já não passa por aqui


Diz que é uma espécie de liberdade.

João Paulo Guerra, uma das poucas agulhas no palheiro da imprensa da económica. Esta foi a sua última crónica no Diário Económico.  A surpresa foi ter durado tanto tempo...