segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Requiem pela Europa?



"Hoje, a Europa divide-se entre fadiga e agonia. Há três razões que convergem para que a lucidez resvale para o lado menos luminoso. A primeira é o divórcio existente entre aquilo que as sociedades civis exigem e aquilo que os governos europeus oferecem. Os europeus pedem emprego, justiça social, combate à corrupção, melhor ambiente, proteção para o futuro dos seus filhos. Os governos nacionais europeus são incapazes, até, de construir a escala europeia onde essas políticas poderiam ser gizadas. Limitam-se a oferecer o rosário da austeridade e da recessão. A segunda é o choque de narrativas sobre a origem da crise. De um lado o "moralismo" dos credores. Do outro, a crítica aos defeitos estruturais da Zona Euro, que obrigaria a mudanças profundas nos Tratados. Sem acordo na explicação das causas não é possível haver entendimento para desenhar uma saída deste labirinto. Isso conduz à terceira razão para preocupação: o único país com condições para liderar a saída da crise, a Alemanha, tem combatido ou chegado atrasado a todos os tímidos ensaios para resolver os perigos da fragmentação do mercado da dívida pública e a hemorragia do sistema bancário e financeiro europeu.
Foi a longa e arrogante incompetência das elites políticas e burocráticas nacionais, sobretudo em Paris e Berlim, que conduziu a Europa a este nó cego: uma crise sistémica europeia sem resposta europeia! Uma crise agravada por respostas eivadas de miopia nacional, que se anulam, até tecnicamente, umas às outras. Serão os cidadãos capazes, debaixo da tempestade, de inverter o atual rumo desastroso, que enfraquece a Europa e subverte a democracia? Ou estaremos condenados, como Sísifo, a deixar cair o mármore da paz e da justiça pela montanha abaixo? Como se num século de guerra, barbárie e arrependimento não tivéssemos aprendido nada?"

Viriato Soromenho Marques, "A crise Europeia: pode o futuro não ser ontem?"


A banda portuguesa Oquestrada toca na cerimónia da entrega do prémio. Como de costume, les portugais sont toujours gais.

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3 comentários:

  1. "Como de costume, les portugais sont toujours gais." - tal e qual!!

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  2. Eu já me despedi da Europa na semana passada, Ariel.
    Estamos a chegar ao fim da linha e o que está para lá do fim da viagem não é nada de bom

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  3. Este toque é o equivalente ao canto do cisne, Querida Ariel.

    Beijinho

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