segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Natália Correia

Artur Bual - 'Natália Correia', óleo sobre tela
Fonte: Google

Auto-retrato
Espáduas brancas palpitantes:
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.
 

Natália Correia - Poesia Completa
Publicações Dom Quixote
1999

Nasceu a 13 de Setembro de 1923 em Fajã de Baixo, S. Miguel - Açores.



José Mário Branco - Queixa das almas censuradas

3 comentários:

  1. Membro a pino
    dia é macho
    submarino
    é entre coxas
    teu mergulho
    vicio de ostras


    O corpo é praia a boca é a nascente
    e é na vulva que a areia é mais sedenta
    poro a poro vou sendo o curso de água
    da tua língua demasiada e lenta
    dentes e unhas rebentam como pinhas
    de carnivoras plantas te é meu ventre
    abro-te as coxas e deixo-te crescer
    duro e cheiroso como o aloendro

    Natália Correia, (Inédito - Cosmocópula)

    ResponderEliminar
  2. Por vezes não é necessário muita coisa
    para dar a imagem certa de uma pessoa, mesmo com a enorme dimensão humana que ela tinha...

    ResponderEliminar
  3. Era amiga do meu Tio Afonso Botelho escritor/Filosofo e eu também gosto muito das poesias dela. bjs

    ResponderEliminar