domingo, 1 de julho de 2012

A colossal arrogância

"Se fosse outro Executivo a protagonizar este falhanço, cairia o Carmo e a Trindade com acusações de incompetência e incapacidade para travar o despesismo do Estado. Ora perante um Governo que calculou que o IVA ia crescer 11,6% e está confrontado com uma descida de 2,8% até maio; com uma quebra nos impostos sobre veículos que estava prevista ser de 6,5% e já vai em 47%(!); com um recuo esperado de 2,1% no imposto sobre produtos petrolíferos, que ascende já a 8,4%; com um aumento no subsídio de desemprego de 23%, quando o Executivo apontava para 3,8%; e com uma quebra nas contribuições dos trabalhadores e empresas para a segurança social de 3%, quando se esperava apenas 1% - o que se pode dizer se não que se trata de um falhanço verdadeiramente colossal da equipa das Finanças e, em particular, do brilhantíssimo e competentíssimo ministro Vitor Gaspar?
Não, não douremos a pílula. Este descalabro não resulta de alterações dramáticas da conjuntura internacional que tenham desvirtuado drasticamente as bases em que assenta o Orçamento de Estado para 2012. este descalabro resulta do profundo desconhecimento de como funciona a economia portuguesa, reduzida a uma folha de Excel onde qualquer medida X terá sempre o resultado Y; [...] e resulta ainda do autismo germânico do primeiro-ministro e do ministro das Finanças que nunca puseram em causa se seria possível fazer o ajustamento previsto no acordo com a troika, no tempo, com o financiamento e as condições que nos foram exigidas."

Excerto do texto de Nicolau Santos "A caminho de um falhanço colossal", no Expresso.

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