terça-feira, 13 de agosto de 2013

O Mascarilla... pois



"Mascarilha, Tonto e a Letónia

Enquanto em Portugal, PSD e PS discutem de forma inflamada quem é que tem "swaps" debaixo da cama, evitando assim discorrer sobre como vamos pagar a enorme dívida portuguesa, a Europa parece uma estátua de gelo. Espera que Ângela Merkel seja reeleita. A seguir virá o novo resgate à Grécia. A seguir olhar-se-á para as contas de Portugal. A UE colocará, então, a máscara negra na cara e transformar-se-á em "O Mascarilha", o justiceiro das pradarias do sul da Europa. A seu lado surgirá o índio Tonto, papel desempenhado pelo comissário Olli Rehn, que tem como modelo económico a Letónia. Ou seja, para Rehn a luz que deve iluminar a Europa do sul deve ser um país onde a emigração foi enorme, onde os salários foram reduzidos um terço, em que a assistência social quase não existe. Para Rehn, fiel ajudante do Mascarilha, é preciso é cortar. A Grécia fez isso com os resultados visíveis. Tornou-se um país impossível, que agora destrói as últimas florestas para criar empreendimentos turísticos. Ao fundo vislumbra-se o deserto. Aplicar isso à Espanha, e depois à Itália e à França, parece ser a política do faroeste: dispara-se primeiro e pergunta-se depois. Sobre Portugal já nem vale a pena falar. A estratégia de criação de soberanias de ficção, como dizia há dias o filósofo Jurgen Habermas no "Der Spiegel", continua a avançar a todo o vapor, perante a perplexidade dos cidadãos e o silêncio dos líderes políticos entretidos a discutir a bondade dos seus "swaps". Mascarilha e Tonto apontam a direcção. Juntos seguirão o trote do cavalo Silver rumo ao horizonte desconhecido na Letónia criado pela austeridade, com Mascarilha a gritar: "Hi-yo Silver, away"!  "

 
Fernando Sobral  
Jornal de Negócios

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