"O secretário-geral do PS joga pelo seguro e aposta em mínimos para as autárquicas: um voto a mais já será uma vitória. Num sufrágio com mais de 4500 eleições distintas, esse voto a mais pode vir de uma freguesia recôndita com escassas dezenas de eleitores e apagará, segundo a aritmética política de António José Seguro, a perda de câmaras como, por exemplo a de Évora ou Braga.
Um critério tão defensivo não se estranharia num partido em declínio de popularidade por força da sua acçao no Governo, mas é revelador de fraqueza e falta de confiança vindo do partido da oposição que quer chegar ao poder dentro de dois anos. E que concorre em condições de vantagem absolutamente excepcionais, num país empobrecido e massacrado por políticas de austeridade levadas a cabo pelo seu principal adversário.
Contudo, para um chefe partidário poder invocar a especificidade destas eleições ou escapar ileso a uma eventual derrota, teria de reconhecer essa especificidade desde a primeira horas, o que implicava abster-se de apelos aos eleitores para que castiguem o Governo numa votação a que este não concorre. Pelo contrário, Seguro pede o julgamento do Executivo, sendo por isso natural que também seja julgado. Mesmo no caso de ganhar por um voto mas ficar com menos câmaras do que o PSD, pois aquilo a que decidiu chamar vitória corresponderá, de facto, a uma derrota política."
Fernando Madrinha, Um voto não basta, Expresso
Sem comentários:
Enviar um comentário