terça-feira, 24 de julho de 2012

A fadiga


O país normalmente entrava a banhos durante o mês de Agosto, altura em que a generalidade da classe política e a maioria da chamada “beautiful people” rumava  ao Algarve ou a estâncias mais chiques. Por essa altura tínhamos todos a sensação de que não se passava nada porque os “doers” (novilíngua coelhista para designar gente empreendedora) deste cantinho à beira mar plantado se encontravam com os pezinhos na água. Este ano, por uma qualquer misteriosa razão, presumo que o pessoal se meteu a banhos mais cedo, digo eu.  Se não vejamos: há suspeitas graves no processo de privatização da REN e da EDP,  aparecem umas notícias  delambidas nos jornais e não se fala mais nisso; há notícias de luvas e outras “never ending stories” no processo do BPN, mas isso a gente já está habituada, não vale a pena esfalfarmo-nos sempre com o mesmo assunto; o país arde que nem uma tocha e aquilo que anteriormente era o resultado  simples de “incompetência do ministro da tutela”,  agora  tudo se resume ao nosso triste fado, já se sabe que nos verões há incêndios uns anos pior outros melhor, como Deus quer... Não vejo indignação, não vejo estridências, não vejo pedidos de demissão.   Está tudo cansado, o governo de governar, a oposição de oposicionar, os cidadãos exaustos de os verem cansados.  Vamos, todos, ter um lindo enterro.

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