segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Desligada da máquina



Tivesse eu seguido os conselhos de madame Jonet e já teria amealhado o suficiente para substituir o meu velhinho portátil que há muito vinha ameaçando e acaba de estoirar. Sim, não andasse eu a espatifar dinheiro em longos períodos de quinze dias férias em paraísos exóticos como a Costa Vicentina todos os verões, ficasse sentadinha em frente ao televisor em vez de andar a derreter dinheiro em  cinema, concertos de jazz,  no regabofe que é a Festa da Música, todos os anos, imaginem a loucura, já para não falar no dinheirão em cereais ao pequeno almoço, sim porque no tempo de madame Jonet quem é que comia cereais ao pequeno almoço? uma torradita e já era um luxo, que a electricidade sempre foi cara, era o papo seco com margarina e copo de leite com Mokambo, que o Nescafé era só para gente fina. E os banhos? ela só falou na escovagem dos dentes com água a correr esqueceu-se desta mania do banho diário que se entranhou nesta gentinha trazido pelos retornados das áfricas que tinham o hábito de tomar dois e três banhos por dia. E os yogurtes? agora toda gente mama yogurtes, que são para cima dum dinheirão. E a moda das saladas? Dantes não havia esta paranoia e não consta que se fosse menos feliz por isso.
De modo que meus amigos, o blogue é capaz de andar um bocado aos trambolhões nos próximos dias, dependente que fico da boa vontade de terceiros para o actualizar. Entretanto quando me cruzar com madame Jonet que por acaso é minha vizinha em Oeiras, não deixarei de lhe agradecer a lição que me deu.

6 comentários:

  1. Na casa dos meus avós existe uma máquina de costura parecidíssima com a da foto. Por falar em avós, o meu avô também é um estroina: gasta um dinheirão em medicamentos e, há pouco, lembrou-se de ser operado; e só porque já não aguentava os anos de espera, foi para o privado! Isto para não falar da carne, que tem de ser muito tenrinha, e dos cigarritos que não larga por nada -- literalmente dinheiro a arder!

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    1. Carlos, lembrei-me da máquina de costura, porque, embora possa não parecer, ainda andei a aprender a bordar à máquina, numas férias grandes em que os meus pais entenderam que não eu deveria vadiar o tempo todo, e para aproveitar, segundo me recordo, uma promoção da Singer lá em Nampula, que oferecia a formação para depois vender a máquina. É óvio que nunca saiu nada de jeito, eu para a costura nem o ponto cruz:)))

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  2. Eu fui criado a broa e caldo, carne de vaca e peixe que não sardinha e chicharro só me passaram pelo estreito depois dos meus 11 anos, e por cá me vou aguentando. Se o portátil estoirou, será muito útil espatifá-lo nas trombas da vizinha!
    Beijinho

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    1. O que ela não deve saber é que a maioria dos portugueses já não come bifes há muito tempo

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  3. A tia Jonet é uma quiducha!
    As melhoras do seu portátil mas, da próxima, ponha lá uma máquina Oliva, está bem? :-)))

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