sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O estranho caso da pastelaria





"Quando abriu há três anos, tinha horário das 07.00 à meia-noite, mas sofreu uma providência cautelar por parte de um morador do prédio, magistrado do Ministério Público, e o tribunal encurtou o horário para as 09.00-21.00."
  
daqui 

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Rescaldo natalício



Este ano o grande must dos festejos natalícios cá em casa foram as rabanadas ao vapor douradas no forno.  A receita é da bimby que recomendo, mas poderá ser confeccionada igualmente numa panela de cozinhar ao vapor, não tem nada que saber. Acrescentei da minha lavra à calda de açúcar vinho do porto. Muito ligth é de se comer e chorar por mais, tanto que o Primeiro-Ministro falou aos portugueses, mas cá em casa ninguém se dispôs a ouvi-lo. Pudera, estávamos todos deliciados a comer rabanadas e ninguém quis ouvir mais notícias tristes.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Jurássicos


"...o PCP reafirma a solidariedade para com o povo coreano perante as pressões, agressões e tentativas de desestabilização do imperialismo, a que, desde a Guerra da Coreia, no início dos anos 50, o povo coreano e a RDPC têm estado permanentemente sujeitos”,

“O PCP expressou as suas condolências ao povo coreano e à direcção do Partido dos Trabalhadores da Coreia pelo falecimento do seu dirigente Kim Jong-Il."

Coisas que já não me revoltam , só me entristecem....

Canções de Natal (4)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A mala de cartão


Pedro Passos Coelho andou durante uns tempos a fazer de conta de que adquiria um percurso profissional independente da política, para o qual contou com o inestimável apoio do terrível Ângelo da tenebrosa conspiração dos pregos. Ora durante esse período ensinaram-lhe que quando as coisas correm mal nas empresas a primeira coisa que se faz é despedir trabalhadores. Vai daí e com aquele saber de vulgaridade de experiência feito que o caracteriza, estou a lembrar-me de uma célebre frase da campanha "para trás mija a burra" e outras de igual quilate, resolveu que o melhor era fazer um downsizing aos portugueses:- emigrem e teremos os problemas resolvidos. Desta feita dirigiu-se aos professores, amanhã serão outros. Resta saber quando tempo mais ainda falta para lhe apontarmos, todos, a porta de saída.

Canções de Natal (3)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Da minha ignorância


"Sobre a moeda

Um dia, numa pequena vila Portuguesa, onde os tempos são duros e toda a gente está endividada e deprimida, onde todos vivem já a crédito dos vizinhos compreensivos, chega um turista alemão rico. Vai ao único Hotel da pequena vila e pergunta o preço do quarto ao dono do Hotel. Ele responde-lhe que são 100 euros por noite. O turista põe sobre o balcão uma nota de 100 euros.

O proprietário dá-lhe um molho de chaves, dizendo-lhe que nenhum quarto está ocupado e que ele poderá escolher o que mais lhe agradar. Mal o turista começa a subir as escadas o hoteleiro pega na nota de 100 euros, sai a correr em direcção ao talho vizinho e paga-lhe os 100 euros que lhe deve.

O talhante, que deve igual quantia a um criador de porcos, vai imediatamente ter com ele e solve a sua dívida. O criador de porcos corre ao "pub" e paga a sua conta de bar. O "barman" pega na nota e imediatamente a entrega à prostituta que está a seu lado e que lhe fornecia os seus serviços, a crédito, há alguns dias.

A senhora corre ao Hotel, que ela usa para fins profissionais e entrega ao hoteleiro os 100 euros para pagar a sua conta. Pouco tempo depois o turista desce as escadas, diz ao hoteleiro que não encontrou nenhum quarto que lhe servisse, recebe a sua nota de 100 euros e vai-se embora. Interessantemente, ninguém produziu absolutamente nada, ninguém ganhou nada mais do que o que tinha mas, agora, já ninguém está endividado!

É uma história muito simplista mas que mostra bem que a moeda é uma mera intermediária das trocas. É a sombra da Economia, não é a economia produtiva em si. Aquela história mostra também que esta crise, que está a mergulhar a Europa e Portugal na depressão, não é mais que uma crise contabilística.

A moeda que corre, hoje, em todos os países, em si, não tem valor. É apenas confiança nas Instituições e nos Países que a emitem. Se essa confiança se perdesse, poderíamos retroceder a uma situação de troca directa.

É claro que não chegaremos aí. Mas, se o Euro desaparecesse, a Europa perderia soberania e estaria sujeita, sem nada poder fazer, às consequências das políticas monetárias ditadas pelos Países que imprimem as outras moedas de referência internacional.

Falta coragem política para resolver esta situação através de uma acção determinada. Estou convencido que esta crise se vai resolver por 'write-offs' generalizados, que criarão uma situação inteiramente nova, enorme perplexidade, mas provavelmente será menos contundente que aquilo que se poderia esperar quando se salta para soluções anteriormente não testadas, pelo menos com a amplitude que agora é exigida.

Com elevada probabilidade, no fim dos 'write-offs' tudo estará, de novo, equilibrado. Como na simplista história do Hotel acima referido. Com uma diferença: daí para a frente as entidades que emprestem fa-lo-ão com rigor: serão muito mais exigentes na análise dos projectos para que emprestam dinheiro, verificando bem o potencial das propostas e emprestando apenas depois. E deixarão de ter como único objectivo fazer crescer o crédito concedido a todo o custo, mesmo quando a prudência razoável o desaconselharia. Foi assim no passado mais distante. Será assim no futuro. O paradigma mudou. A ideologia do crescimento contínuo já não é aplicável." 


António Neto da Silva, Diário Económico


Li o artigo e achei engraçada a história dos 100 euros voadores.  Mas no fim fiquei na mesma porque o autor parte do principio de que toda a gente é tão inteligente como ele. Ora como sou burrinha não sei o que são "write-offs". Há por aí alguma alma caridosa que desfaça esta minha ignorância? Fico muito agradecida.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Ah oui la France...


Depois de em 2002 ter sido reeleito com uma maioria albanesa de 82%, levado por uma esquizofrenia do eleitorado apavorado com a possibilidade de eleição de Le Pen, Jacques Chirarc foi de vitória em vitória até à derrota final.... , ele e a França.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Álvarices



Podes esperar sentado ó Álvaro, arranjei-te esta simpática poltrona em estilo fato de palhaço para não te sentires sozinho, e não digas que vais daqui que eu hoje estou numa de paz.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Sem piedade



Já todos percebemos que este (des)governo está com o freio nos dentes no ataque desenfreado ao Serviço Nacional de Saúde. O que a mim me espanta e me deixa pregada ao chão de estupefacção, é a passividade geral com que está a ser recebida a completa destruição do SNS. Ainda sou do tempo em  não faltavam virgens ofendidas a rasgarem as vestes com as medidas tomadas por Correia de Campos, que comparadas com estas eram autenticas brincadeiras de crianças. Agora, ou sou eu que estou surda ou  não se ouve sequer um balido digno de nota. Estamos a regressar em grande galope aos tempos do quem quer saúde paga-a.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A Decadência já vem de longe


(...)
"Bartolomeu dos Mártires e os bispos de Cádis e Astorga não eram, seguramente, revolucionários: representavam no Concílio de Trento a última defesa e o protesto das igrejas da Península contra o ultramontanismo invasor: mas a obra deles é que era, pelas consequências, revolucionária; e, trabalhando nela, estavam na corrente e no espírito do grande e emancipador século XVI. Se houvessem alcançado essa reforma, teríamos nós talvez, Espanhóis e Portugueses, escapado à decadência. Quem pode hoje negar que é em grande parte à Reforma que os povos reformados devem os progressos morais que os colocam naturalmente à frente da civilização? Contraste significativo, que nos apresenta hoje o mundo! As nações mais inteligentes, mais moralizadas, mais pacíficas e mais industriosas são exactamente aquelas que seguiram a revolução religiosa do século XVI: Alemanha, Holanda, Inglaterra, Estados Unidos, Suíça. As mais decadentes são exactamente as mais católicas!
(...)
Há em todos nós, por mais modernos que queiramos ser, há lá oculto, dissimulado, mas não inteiramente morto, um beato, um fanático ou um jesuíta! esse moribundo que se ergue dentro de nós é o inimigo, é o passado. É preciso enterrá-lo por uma vez, e com ele o espírito sinistro do catolicismo de Trento.
(...)

À influência do espírito católico, no seu pesado dogmatismo, deve ser atribuída esta indiferença universal pela filosofia, pela ciência, pelo  movimento moral e social moderno, este adormecimento sonambulesco. (...)

Por outro lado, se o poder absoluto da monarquia acabou, persiste a inércia política das populações, a necessidade (e o gosto talvez) de que as governem, (...)
Finalmente, do espírito guerreiro da nação conquistadora, herdámos um invencível horror ao trabalho e um íntimo desprezo pela indústria. Os netos dos conquistadores de dois mundos podem, sem desonra, consumir no ócio o tempo e a fortuna, ou mendigar pelas secretarias um emprego: o que não podem, sem indignidade, é trabalhar! Por isso as melhores industriais nacionais estão nas mãos dos estrangeiros, que com elas se enriquecem, e se riem das nossas pretensões. Contra o trabalho manual, sobretudo, é que é universal o preconceito: parece-nos um símbolo servil! Por ele sobem as classes democráticas em todo o mundo, e se engrandecem as nações; nós preferimos ser uma aristocracia de pobres ociosos, a ser uma democracia próspera de trabalhadores. É o fruto que colhemos duma educação secular de tradições guerreiras e enfáticas!"

(...)

Excertos de "Causas da Decadência dos Povos Peninsulares", discurso de Antero de Quental no Casino Lisbonense, 1ª sessão das Conferências Democráticas, 27 de Maio de 1871

domingo, 11 de dezembro de 2011

"O mundo em notícias"...


Para o El Pays Sarkozy é o grande beneficiário da insularidade britânica "El inquilino del Elíseo sale de la cumbre convertido en claro ganador..." 

Em França já se fala do énième sommet...

Já dizia Disraeli que a velha Albion não tem amigos tem interesses. Mas às vezes é conveniente não esticar demasiado a corda: "David Cameron completely misjudged these negotiations. He thought he could divide and rule Germany and France. You can sometimes do that in the EU. But you can never do that with the euro."

Por cá o destaque vai para os CoCos. Bem me cheirou...


sábado, 10 de dezembro de 2011

Porque hoje é sábado



Deixo-vos na magnifica companhia de John Coltrane e o seu mais talentoso quarteto, constituído por McCoy Tyner no piano Jimmy Garrison no baixo, Elvin Jones na bateria. Desejo a todos um excelente fim de semana.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

(des)União Europeia


Cameron, como não podia deixar de ser, limita-se a defender os interesses do seu mercado financeiro, cujo modelo é o grande responsável pela maior crise financeira de que há memória, borrifando-se para o resto da Europa. Chegou a altura da Europa responder com a mesma moeda, seria melhor para todos que  o Reino Unido deixasse de vez a União Europeia, onde nunca esteve de boa fé. "David Cameron requested something which we all considered was unacceptable."

Não é por isso de estranhar que  Pedro Passos Coelho estivesse com uma voz de cangalheiro  na declaração que fez aos jornalistas no final da Cimeira.

Uma coisa é certa, cá para mim que não percebo nada disto, os mercados vão continuar ao ataque...


A árvore está pronta


Tal como no ano passado, já está pronta a árvore de Natal. O entusiasmo não é grande e até já preveni todos os interessados de que este ano não haverá prendas para ninguém. Uma boa maneira de promover a contenção e a frugalidade e de acabar de vez com o frenesim que todos os anos me consumia ao ponto de ficar em stress com toda a cena natalícia. Neste momento o mais importante é que haja saúde.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Enquanto esperamos....



... as magnas decisões da Cimeira de Bruxelas da qual só é previsível esperar mais miséria, deixo-vos com Cassandra Wilson. Um bom feriado.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Poizé...!


"Investidores desvalorizam revisão das leis laborais
(...)
Apenas 2% dos inquiridos seleccionaram a revisão do código do trabalho como a medida mais urgente a tomar. No topo das prioridades apareceu antes a necessidade de suavizar as obrigações legais e fiscais das empresas, a promoção da inovação e a melhoria do sistema judicial. As respostas dos gestores contrastam com o ênfase que tem sido dado tanto pelas instituições internacionais que resgataram Portugal da bancarrota - FMI, Comissão Europeia e BCE - como pelo Governo, em concertação social."

Se até o o insuspeito Diário Económico o diz...., o ponto é que não é novidade, de cada vez que se realiza um estudo sobre o tema, os resultados são  invariavelmente idênticos, sendo sim a má gestão, a falta de qualidades de liderança, a visão de curto prazo de dar um chouriço a quem lhes dá um porco, da responsabilidade dos nossos queriduchos empresários, a responsabilidade pela baixa produtividade das nossas empresas.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Concurso - Camelos de Presépio 2011


É a maior tradição da bloga nacional o Concurso promovido pelo Senhor Barbeiro - proprietário do magnifico estabelecimento "A Barbearia do Senhor Luís". Este ano o concurso "Camelos do Presépio", tem como é tradição um programa exigente e rigoroso.  Logo no primeiro ano em que abriu, este modesto tasco associou-se à iniciativa com esta esplêndida ovelha a qual mereceu o destaque e aplauso unânime do júri. Este ano em que não faltarão camelos para pagar a crise, deixo este magnifico  exemplar que irá certamente bater a mais exigente concorrência. Reparem bem como ele olha expressivamente no meio do nada para coisa nenhuma....

domingo, 4 de dezembro de 2011

"Coelhar"


(...)
"A Europa é governada pelo duo Merkozy; Portugal pelo duo Coelhar. Coelho dá o aval político ao falcão Vítor Gaspar. O ministro das Finanças é o representante da ortodoxia do BCE no Governo português. E se as coisas correrem muito mal, não é de excluir que venhamos a ter, a prazo, Gaspar no lugar de Coelho, por imposição da Alemanha. Já houve surpresas maiores."
 (...)
"O país que este Governo vai deixar será muito mais pobre e desigual, mas também menos competitivo, inovador e dinâmico. Não, a História não vos absolverá. A História vos absorverá. Como e por que meios, é o que veremos."


Nicolau Santos, Expresso, A história vos absorverá

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O nosso futuro nas mãos deles


(Foto: Philippe Wojazer/Reuters)


 "Europa está prestes a criar uma união orçamental" disse a senhora Merkel no Parlamento Alemão, que é, como todos sabemos, o local onde está a ser decidido o nosso futuro e o de toda a UE. Não sei se este caloroso abraço foi dado antes ou depois da dupla Merkozy se ter reunido, para "repensar e refundar a Europa", mas nesse  enterim o aflito gaulês já está por tudo, reparem bem como ele se agarra à Merkel, não vá ela escapar-lhe por entre os dedos, enquanto lhe promete amor eterno e disciplina orçamental...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

1º de Dezembro


Banda da Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro do Montijo

Para mais tarde recordar que houve um tempo em que se comemorava a Restauração.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Bastian tinha três anos...


Sou contra a pena de morte. Mas trabalhos forçados sem direito à luz do dia, para casos como este, tem o meu vivo apoio.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Era uma vez uma vespa



Isto agora com o Inverno a porta  o rapaz ainda me apanhava um resfriado....além de que a culpa é do OUTRO que encomendou, e ele coitado  forçado e contrariado lá trocou a amiga vespa. Austeridade a quanto obrigas....

sábado, 26 de novembro de 2011

Porque hoje é sábado




Com Bye Bye Blackbird e esta fabulosa dupla John Coltrane & Miles Davis, desejo a todos um excelente fim de semana.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Mundo cão


Eu ainda sou do tempo em que,  com as devidas distâncias, também na sociedade portuguesa  as mulheres violadas eram olhadas de soslaio e havia a suspeição de se terem deixado seduzir pelo agressor...

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Mais lixo, pois...


"Também hoje a agência de notação financeira chinesa Dagong desceu a nota da dívida de Potugal de BBB+ para BB+, com perspetiva negativa."

Em dia de Greve Geral, já nem os chineses nos amparam....

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

"Estamos sob ocupação estrangeira"




"Greve geral necessária para despertar consciências e resistir ao "retrocesso social e civílizacional"
- Não acha que os sindicatos devem ser mais activos na apresentação de soluções concretas em vez de serem apenas reivindicativos?
- Os sindicatos têm propostas concretas, o problema é que não se enquadram nos catecismos dos poderes dominantes. Propomos que se considere uma nova forma de distribuir a riqueza, o combate à economia clandestina, não deixar que o económico e o financeiro se sobreponham ao político e valorizar o trabalho. Não esperem que os trabalhadores cujo trabalho não é valorizado reajam positivamente.
- Portugal deve continuar no euro?
- O euro não vai continuar como até aqui. Vai haver uma só moeda ou mais do que uma? Vão manter-se todos os países ou alguns serão empurrados para fora? Em Abril do ano passado disse que países pequenos como o nosso, se forem empurrados do euro podem ficar, em termos sociais, sob pressões idênticas à saída de uma guerra...
- Continua a pensar o mesmo?
- Agora estamos pior um pedaço. Neste retrocesso social e civilizacional, em termos de retribuição, os trabalhadores estão a ter, em dois anos, uma quebra da ordem dos 30%. Não é que eu defenda a saída do euro, mas quando o João Ferreira do Amaral e outros economistas propunham uma saída negociada estimava-se uma queda de 40%. Ou seja, não saindo do euro já estamos nesse caminho de perda. Precisamos de um grande debate para saber onde estamos. Não temos de empobrecer, temos é de encontrar caminhos de saída.
- A nossa margem de manobra está condicionada pelo memorando de entendimento com a troika?
- Uma das coisas que queremos com a greve geral é despertar a sociedade para que apresente propostas e faça observações sobre a realidade concreta que estamos a viver.
- O objectivo da greve é não só manifestar a indignação mas também suscitar um debate nacional?
- Sim. Não há soluções sem acção colectiva. Temos de espoletar na sociedade vontades que tirem as pessoas do conformismo. Um dos grandes dramas da sociedade é que a integração europeia começou com conceitos de coesão, solidariedade entre os povos, respeito pela soberania e valores dos povos e harmonização social no progresso. Aderimos a um projecto europeu que nos prometia ir para o clube dos ricos. Só isto justifica que tenhamos admitido passivamente a destruição do sector produtivo.
- Preocupa-o a perda de soberania?
- Claro. A ideia do dinheiro fácil, explorada até à exaustão pelo sector financeiro, desvalorizava o trabalho e a responsabilidade. O país perdeu o sentido da soberania. Por isso, esta greve é também por Portugal. Estamos sob ocupação. Noutro contexto histórico não teríamos apenas um governo estrangeiro mas também tropas. Mas, cuidado, os descalabros da sociedade às vezes levam a coisas inesperadas....
- Teme, por exemplo, um golpe militar, como sugeriu Otelo?
- Não, não, de tontarias já chega! Até porque os golpes militares não se fazem por anúncio. A determinante vai ser a vontade, capacidade e responsabilidade do povo. O que não é caminho é aceitar a inevitabilidade ou a assunção do empobrecimento como solução estratégica de futuro. Em última instância, a soberania está nas mãos do povo.
- Concorda com António José Seguro quando adia inevitável que a Europa siga no sentido do federalismo?
- É inviável. É uma ingenuidade o secretário-geral do PS dizer isso. Mesmo que o caminho fosse esse, não é exequível. O poder efectivo é o financeiro e económico. Como diz o João Ferreira do Amaral, o euro acabou por ser o principal instrumento de destruição do Estado social europeu. Além disso, a Europa está politicamente unipolar, a social democracia foi varrida. Quem domina são as forças conservadoras, nalguns países em coligação com a Extrema-Direita. Falar do projecto europeu como se tudo estivesse na mesma é um desastre. A posição de Seguro não tem sustentabilidade, para não usar outra catalogação.
- Se fosse deputado votava contra o Orçamento para 2012?
- Inevitavelmente. Se não o fizesse era sinal que tinha ensandecido. Há uma montanha de loucuras e actos de malvadez neste Orçamento, estruturado no pressuposto de que seguir as políticas da União Europeia é a saída para a crise. O Durão Barroso foi ao Parlamento Europeu dizer que a crise da UE é sistémica e a situação é insustentável - e nós estamos a adoptar as piores receitas seguidas na Grécia. É um drama. É por isso que é premente mobilizar as forças sociais, políticas e a consciência dos portugueses para agir contra a tontaria do empobrecimento.
- Não teme que a situação resvale para o caos que se vive na Grécia?
- O que eu temo é que não haja mobilização dos portugueses. Se a sociedade não se mobilizar, temo que esta loucura e tontaria de políticas leve a situações de ditadura ou de rupturas sociais violentas. Todo o sacrifício é necessário quando estão em causa valores como a dignidade, a justiça e a democracia. É precisa uma intervenção social fortíssima e isso não impede algumas acções que sejam duras.
- Defina duras.
- Dou o exemplo da tentativa de aumento do horário de trabalho em duas horas e meia por semana Todas as formas de luta que os trabalhadores encontrarem para não se sujeitarem a esse trabalho forçado têm mais sustentação legal do que a que o Governo para o tentar impor. Sobre isso não tenho dúvidas.
- Aceita a redução dos feriados?
- Chocou-me ouvir o cardeal-patriarca dizer em nome da Igreja: nós abdicamos de dois feriados se o Estado abdicar de dois feriados civis. Alto lá! Os feriados são direitos das pessoas, não são propriedade nem da Igreja nem do Estado. Só uma discussão com os portugueses sobre a validade dos argumentos pode retirar esses direitos. O mesmo se passa com os deveres. Senão os portugueses também têm o direito de não cumprir os deveres.
- O aumento do horário de trabalho, corte de subsídios, salários e feriados. As medidas sucedem-se a um ritmo tal que a mobilização social para o debate pode não chegar a tempo de as obstar.
- Vai haver tempo, não acredito que o país vá desaparecer. Os portugueses serão capazes de defender a soberania, Portugal continuará como nação e havendo seres humanos há sempre saída O limite da resistência é definido pela própria Constituição. Nós também temos direito à indignação.
- Que limites vê para a indignação?
- Em reacção ao horário de trabalho, digo aos trabalhadores que sejam suficientemente imaginativos porquevão ter de ser. Se demorarem mais tempo vão perder mais. Não nos esqueçamos dos 48 anos de fascismo. Haver distracções é uma chatice. Se for necessária resistência física forte para evitar o trabalho forçado acho que o devemos fazer. O tempo é o bem social mais importante depois da saúde.
- É a sua 5ª greve geral. Quase todas contra a liberalização de uma lei laboral que está cada vez mais liberal. Não se sente frustrado?
- Não. Pertenço a uma geração que, quando olha para o percurso desde a infância, só tem razão para um enorme sorriso e dizer isto mudou tanto e tão positivamente. Não esqueçamos o que era a mortalidade infantil, as condições de vida, casas de terra batida.. As pessoas trabalhavam imenso a troco de um subsídio de subsistência. O trabalho para toda a vida era uma treta. Depois, criou-se a valorização pelo salário, a valorização do emprego. Foi-se evoluindo. Agora, vivemos uma fase de tentativa de retrocesso social e civilizacional. Não podemos fazer comparações simplistas. Nas crises de 1978 e 1983 houve perda salarial mas o Estado social progredia Agora, estamos num retrocesso. O Estado social está a ser estilhaçado. É preciso resistir."

Entrevista de Carvalho da Silva ao Jornal de Notícias

Se houvesse degraus na terra...

Se houvesse degraus na terra…


Herberto Helder, faz hoje 81 anos.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A hora decisiva


"Merkel terá de decidir entre ficar agarrada à mortal e rígida letra dos Tratados e dos acórdãos do Tribunal Constitucional Alemão, ou salvar a União Europeia de tombar num buraco negro que poderá lançar a Europa e o mundo num recuo brutal à pobreza, ao proteccionismo, e ao risco de conflitos armados. Se a decisão for errada, todos os milhões de mortos das guerras civis europeias terão caído em vão. Se a sua decisão tiver os olhos postos no futuro pacífico de 500 milhões de europeus, ninguém se lembrará das suas hesitações. A União será refundada no tempo necessário para tal, sem a chantagem do colapso financeiro, e o seu nome passará da história alemã ao panteão imortal dos heróis e heroínas da humanidade."

Viriato Soromenho Marques,  Uma mulher para a História

Sombras chinesas...


Confesso publicamente a minha ignorância, nunca tinha ouvido falar em Ai Weiwei. Mas agora já sei quem é, eu e muitos milhões por esse mundo fora, estou certa. É o que acontece quando regimes moralistas e ditatoriais resolvem perseguir alguém com base em alegada "pornografia"...

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Tiro ao Relvas



  
O tio Belmiro acaba de mandar passar a guia de marcha ao cabo Relvas:

"Miguel Relvas, actual ministro do Governo de Passos Coelho, colaborou com o Banco Efisa do grupo BPN antes de este ter sido nacionalizado. Relvas era então deputado do PSD e apoiou uma operação financeira com o Brasil. O ex-presidente do Efisa diz que Relvas o ajudou a abrir algumas portas”;
Antes da nacionalização, o então deputado Miguel Relvas intermediou para o Banco Efisa, do grupo BPN, um negócio da ordem de 500 milhões de dólares, que envolveu o município do Rio de Janeiro, Abdool Vakil, ex-presidente do Efisa, confirmou ao Público que Relvas, na altura membro da bancada parlamentar do PSD, o ajudou ‘a abrir portas no Brasil’, mas o actual ministro explica que a sua colaboração ocorreu sempre ‘no quadro’ da Kapaconsult, onde era administrador, e que teve um único cliente: o banco de negócios do BPN-Efisa”
“Em declarações ao Público, Abdool Vakil, o ex-presidente do Banco Efisa, começou por dizer que “o dr. Miguel Relvas nunca trabalhou com a Efisa”. Mas inquirido sobre se o então deputado prestou directamente consultoria ao banco, disse: ‘Isso já é verdade’. Vakil acrescentou que ‘o dr. Miguel Relvas prestou serviços muito úteis, pois abriu-nos portas no Brasil, mas nunca foi quadro do grupo’. ‘Ele tinha muitos conhecimentos no Brasil e que eram importantes para quem quer fazer negócio e abriu-nos portas’, especificou. O ex-presidente da Efisa e ex-administrador do BPN lamentou que Relvas, cujas relações com altas esferas da política e dos negócios brasileiros são conhecidas – tendo mesmo contacto directo com o ex-ministro de Lula da Silva José Dirceu ‘esteja agora muito ocupado e sem tempo para os amigos”’.
“Formado em Relações Internacionais, Miguel Relvas (…) No seu curriculum, apresenta-se como gestor e consultor de empresas. Antes da nomeação para o Governo, o nome do actual ministro surgia já ligado a várias entidades, como seja o Conselho de Curadores da Fundação Luso-Brasileira, criada por João Rendeiro.”
(…)
“Relvas é o responsável pela área da comunicação do Governo que tem em mãos um dossier polémico (BPN) herdado do executivo anterior e que já gerou um prejuízo para o erário público de cinco mil milhões de euros. A venda da área comercial do banco ao BIC continua por resolver, assim como o Banco Efisa.” 
 

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

"O que quer a Alemanha"


Temos de saber o que pensam quem passará a ditar as regras do nosso modo de vida. Gostei de ler este artigo de Jan-Werner Mueller.
É que depois de ter ouvido um excerto de uma entrevista em que o nosso Primeiro Ministro em terras angolanas falava em "know how" para aqui ,"know how" para aculi, com uma pobreza vocabular e idiomática confrangedora, parece-me que será um bom investimento começarmos a aprender alemão. Aqui entre nós, confesso que é uma das minhas frustrações, mas lá diz o ditado, burro velho já não aprende línguas...

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Solilóquios (42)

 
Não fizeram mais do que a sua obrigação. Ponto. Um resultado esclarecedor fruto da concentração, determinação e terem competido com brio e profissionalismo.

Há horas e horas


Que é la isso desses doidivanas dos guardas prisionais receberem horas extraordinárias a dormir? se fossem distintos membros dos Gabinietes Ministeriais ainda se compreendia, agora guardas prisionais, onde já se viu tamanho desaforo....

Nem só de pão ....



A partir de 17 de Novembro na H&M em Lisboa estão disponiveis as peças Versace criadas especialmente para esta cadeira low cost. Um bom pretexto para esta suburbana oeirense dar um salto à mui urbana Rua do Carmo,  quanto mais não seja para lavar a vista e arejar a cabeça... digam-me lá se estes botins não são um must?

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O nosso Gaspar

"A ilusão tecnocrática assenta no pressuposto de que só governos não sujeitos ao voto e às pressões partidárias são capazes de implementar as reformas necessárias. 

 

Num momento em que a zona euro caminha para o colapso, parece ter sido encontrada a solução para as economias da periferia: substituir chefes de governo eleitos por tecnocratas. A opção faz sentido. Tendo em conta que se gerou a convicção de que a responsabilidade da crise foi primeiro de Sócrates, a semana passada de George Papandreu, esta semana de Berlusconi e, a crer no que o sempre presciente François Hollande já anunciou, para a semana será de Sarkozy, o melhor mesmo é remover os políticos eleitos que lideram os governos do Sul e colocar, nos seus lugares, técnicos com um perfil acima de toda a suspeita e bem recebidos em Frankfurt."

Pedro Adão e Silva, Um tecnocrata em cada esquina

Nós já cá temos o nosso Gaspar que sozinho põe em sentido todo o Conselho de Ministros, Passos Coelho limita-se a abanar a cabeça para cima e para baixo como aqueles cães  que se viam há uns anos junto ao vidro traseiro nas viaturas de gente de gosto duvidoso.

domingo, 13 de novembro de 2011

Portugal em pequenino...


É de se ficar de cara à banda quando se ouvem estas novidades: "Há concursos públicos feitos à medida de empresas". A sério?????? pois se até há concursos públicos que são anulados no caso em que "a tal empresa", por razões processuais não passou da fase de qualificação e depois faz-se um novo para tudo decorrer comme il faut...

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O orçamento


"Este é o nosso país, o país que muito adoramos.”

De fazer chorar as pedrinhas da calçada, porra! vais ter um lindo enterro, vais vais...

Quentes e boas


Tendo como pano de fundo o empobrecimento do país como projecto de futuro, celebremos este dia Dia de S. Martinho como o último de uma Era de abundância que chega ao fim.  Quentes e boas....

Agora a França



O impensável está a acontecer, assistimos estupefactos em directo e a cores ao avanço  metódico de um guião conduzido por uma mão invisívelcomo se de um filme se tratasse...