domingo, 15 de abril de 2012

Bater nos fracos

"As pensões de reforma, salvo as milionárias, obtidas em bancos e empresas públicas com regimes escandalosos, não são uma dávida pública; são uma obrigação que o Estado contraiu perante os cidadãos a quem impôs, sem dar alternativa, descontos chorudos em décadas de trabalho. São uma retribuição devida e não uma benesse concedida. Isso é sabido, mas faz caminho nos media um discurso que toma os pensionistas como privilegiados porque ainda têm reforma - ou porque ainda não morreram -, quando as gerações mais novas poderão não receber nenhuma. Este discurso, alimentado pela forma agressiva como o Governo tem tratado os pensionistas, é perigoso e injusto. Perigoso porque lança uns contra os outros diferentes sectores da população, e injusto porque, além de serem tão penalizados como os funcionários públicos, quando a maioria deles nunca foi funcionário público, aos reformados não sobra, em geral e ao contrário dos de outra condição, nenhuma alternativa de sobrevivência. É fácil descarregar frustrações e receios próprios nos mais fracos e já sem poder reivindicativo, mas esta não é, seguramente, a mais nobre das atitudes."

Fernando Madrinha, Expresso

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