quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A justiça segundo Saramago

Em Portugal, na aldeia medieval de Monsaraz, há um fresco alegórico dos finais do século XV que representa o Bom Juiz e o Mau Juiz, o primeiro com uma expressão grave e digna no rosto e segurando na mão a recta vara da justiça, o segundo com duas caras e a vara da justiça quebrada. Por não se sabe que razões, estas pinturas estiveram escondidas por um tabique de tijolos durante séculos e só em 1958 puderam ver a luz do dia e ser apreciadas pelos amantes da arte e da justiça. Da justiça, digo bem, porque a lição cívica que essas antigas figuras nos transmitem é clara e ilustrativa. Há juízes bons e justos a quem se agradece que existam, há outros que, proclamando-se a si mesmos justos, de bons pouco têm, e, finalmente, não são só injustos como, por outras palavras, à luz dos mais simples critérios éticos, não são boa gente. Nunca houve uma idade de ouro para a justiça.

José Saramago aqui

Lembrei-me disto  a propósito desta decisão.

2 comentários:

  1. Sim, eu acho até que Saramago escreveu esse texto para que a sociedade de consumo sobreviva de maneira mais justa, protegendo-se o consumidor da sanha lucrativista. A bem da sociedade...

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  2. Temos um PM que foi um excelente secretário de estdo da defesa do consumidor, mas parece ter esquecido tudo o que fez.
    Feliz 2011

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