Vieira da Silva, L'Issue Lumineuse, 1983-86
"Longos dias têm cem anos". Assim me diziam quando se tratava de protelar um assunto, de o fazer amadurecer na lânguida separação inadiável. E os longos dias passavam, carregado de justo sentimento pelas coisas que devíamos fazer de maneira lesta e durável. Às vezes, não se faziam nunca. Outros planos, mudanças, resistências, vazios súbitos do coração, que é quem nos comanda o trabalho e a fantasia. "Longos dias têm cem anos". Era uma admoestação e uma ironia para o preguiçoso inveterado que num século acha tempo adequado para os seus projectos e a combinação laboriosa que os acabe.
E o livro oferece um belíssimo retrato de Maria Helena Vieira da Silva. Agustina diz, a determinado momento, que uma das características mais importantes de MHVS era ser uma pessoa justa, e Agustina diz de si mesma não ser uma pessoa justa, porque ajuíza demasiado. Uma delícia.
ResponderEliminarÉ verdade Carlos. Deixei essa passagem para outra ocasião, que me fez reflectir bastante. E de facto uma delícia.
ResponderEliminarMas existem coisas que não podem esperar nem nos podemos permitir adiar...sine die...
ResponderEliminarOuvimos, lemos e vemos as guerras e as injustiças não podemos deixar seguir o grito das crianças.
É tempo de de dizer não aqueles que nos compram o silêncio com bombas e prisões..............