domingo, 20 de fevereiro de 2011

Da escassez de talhantes


Magnifico Ferreira Fernandes no DN:

"Ninguém ouviu o Merceeiro

Alexandre Soares dos Santos é um merceeiro notável. É o presidente da Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce (a maior em Portugal das cadeias de supermercados, que é o nome mais feio para as mercearias), e conhece tanto do seu negócio que para onde o leva, à Polónia, por exemplo, torna-o um sucesso. Já como especialista de Finanças Públicas, não sei. Mas suspeito que qualquer miúdo com a especialidade acabada de tirar na London School of Economics arranjaria mais depressa emprego na matéria. Ao contrário, insisto, do que se passa no delicado, difícil e tão concorrido métier de dirigir mercearias, onde Soares dos Santos é uma autoridade internacional, a ponto de vários países suspirarem para que ele lhes dê atenção. Ora bem, esse merceeiro emérito e menos reconhecido especialista de Finanças Públicas produziu esta semana duas afirmações. Uma, em que ele é amador: Portugal já estaria "em recessão." Outra, em que ele é autoridade: "Quero talhantes para as minhas lojas e não os encontro." É fácil adivinhar qual das duas produziu mais efeito, quer em títulos de jornais, quer em rodapés de telejornais. É fácil, porque estamos em Portugal, onde até é capaz de parecer ofensivo que um cronista trate Soares dos Santos de merceeiro, quando isto é dito com admiração e consideração. Tanta quanto dedico a alguém que sabe que procurar-se talhantes e não encontrá-los é um magno problema nacional."

2 comentários:

  1. Leio sempre Ferreira Fernandes. Só que neste texto tem uma importante omissão. O Pingo Doce é o campeão da...importação: o borrego nacional, não é entregue dentro do prazo, a fruta esta fora do calibre, o tomate não é suficientemente vermelho e a maça está picada do escravelho... Era por aqui que lhe devia pegar. Mas não esteve mal, por sinal...

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  2. Escolhi o sr Alexandre para cromo da semana. Mais logo, lá no CR.

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