Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,
E erguendo, como um nome, alto o pendão
Do Império,
Foi-se a última nau, ao sol aziago
Erma, e entre choros de ânsia e de pressago
Mistério.
Não voltou mais. A que ilha indescoberta
Aportou? Votará da sorte incerta
Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro
E breve.
Ah, quanto mais ao povo a alma falta,
Mais a minha alma atlântica se exalta
E entorna,
E em mim, num mar que não tem tempo ou spaço,
Vejo entre a cerração teu vulto baço
Que torna.
Não sei a hora, mas sei que há a hora,
Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
Mistério.
Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
A mesma, e trazes o pendão ainda
Do Império.
Fernando Pessoa, in Mensagem, edição Fernando Cabral Martins, Assírio & Alvim
De um cinzento que faz equivaler um "nau, nau!" a um "mau, mau!"?
ResponderEliminarBeijinho, Querida Ariel
Meu Querido Paulo, os seus comentários são sempre uma fonte de grande reflexão...
ResponderEliminarBeijinho.
Ariel querida
ResponderEliminar"Foi-se a última nau"
E eu com presentimento tão mau.
Beijinho
Já somos duas Flor.
ResponderEliminarBeijinho
Ariel
ResponderEliminarEsta coisa dos naufrágios não vai bem com um domingo de verão....
há domingos assim, anónimo....
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