"A política está cheia de ideias que tendo um fascínio inicial acabaram por ter custos enormes a médio prazo. A banalização simbólica do lugar de primeiro-ministro é uma delas.
[...]
O primeiro-ministro estabeleceu uma relação com os portugueses sem distância e onde os mecanismos de mediação no exercício do poder foram aliviados. Não se deu ao respeito e, na primeira oportunidade, os portugueses responderam-lhe no mesmo tom. Procurou fazer assentar a sua legitimidade numa popularidade assente na rua, numa relação "tu cá, tu lá", com os portugueses, apresentando-se como homem banal que nunca pode ser enquanto é primeiro-ministro e o país respondeu-lhe na mesma moeda. Perante um justificado descontentamento, os portugueses saíram à rua, ao mesmo tempo perdiam o respeito de forma irreversível ao chefe do Governo.
[...]
É-nos dito, com razão, que a democracia radica numa legitimidade formal e não pode cair na rua. O drama é precisamente esse: o primeiro-ministro foi à procura da rua e, no sábado passado, esta regressou a galope. Agora, já nada há a fazer. É apenas uma questão de tempo. No fundo, "a rua" sabe que este governo acabou, só não sabe quando é que vai ser removido."
Vamos assistir ainda durante uns tempos à agonia deste grupo de mafiosos, perante o olhar indiferente do cadáver de Belém.
ResponderEliminar