Um quer encerrá-las, o outro privatizá-las. E o senhor ouvinte , o quê que acha?
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
O silêncio
"Foi então que se ouviu o grito.
Um longo grito agudo, desmedido. Um grito que atravessava as paredes, as portas, a sala, ramos do cedro.
Joana virou-se na janela. Houve uma pausa. Um pequeno momento imóvel, suspenso, hesitante. Mas logo novos gritos se ergueram, trespassando a noite. Estavam a gritar na rua, do outro lado da casa. Era uma voz de mulher. Uma voz nua, desgarrada, solitária. Uma voz que de grito em grito se ia deformando, desfigurando até ficar transformada em uivo. Uivo rouco e cego. Depois a voz enfraqueceu, baixou, tomou um ritmo de soluço, um tom de lamentação. Mas logo voltou a crescer, com fúria, raiva, desespero, violência.
Na paz da noite, de cima a baixo, os gritos abriram uma grande fenda, uma ferida. E assim como a água começa a invadir o interior enxuto quando se abre um rombo no casco de um navio, assim agora, pela fenda que os gritos tinham aberto, o terror, a desordem, a divisão, o pânico penetravam no interior da casa, do mundo, da noite."
Na paz da noite, de cima a baixo, os gritos abriram uma grande fenda, uma ferida. E assim como a água começa a invadir o interior enxuto quando se abre um rombo no casco de um navio, assim agora, pela fenda que os gritos tinham aberto, o terror, a desordem, a divisão, o pânico penetravam no interior da casa, do mundo, da noite."
Excerto de "O Silêncio", Sophia de Mello Breyner Andresen, Histórias da Terra e do Mar
domingo, 30 de janeiro de 2011
Porque hoje é domigo
"São frequentemente retratados (e não apenas em quadros baratos ou em bilhetes-postais) pescadores de rostos burilados pelas chuvas e pelo sol, pelo vento e pelas ondas, mas quase nunca se lhes mostram as mãos, endurecidas pelo sal e pelas redes, pelos cabos e pelos remos. Os pescadores praguejam mas não roubam. Exaltam-se e discutem (acerca do mau tempo, de uma pesca infeliz ou de uma ajuda desajeitada), mas não chegam a vias de facto: não jogam à pancada como acontece de vez em quando com os operários do porto ou com gente de terra. Também entre eles há diferendos (de que lado ou em que local lançar as redes, como ou quando levantá-las), que porém estão longe de ser tão numerosos como os que estalam a respeito da propriedade da terra: é mais fácil partilhar o mar que a terra, e mais difícil possuí-lo. Cada pesca lembra outra, anterior, que vivemos ou que nos contaram: há muito que se pesca no Mediterrâneo."
Excerto do Breviário Mediterrânico, de Predrag Matvejevitch
Um bom domingo para todos!
Um bom domingo para todos!
sábado, 29 de janeiro de 2011
Porque hoje é sábado
Com Peggy Lee e este "swingante" Why don't you do right desejo a todos um excelente fim de semana.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Wolfgang
Nasceu em 27 de Janeiro de 1756 em Salzburgo, o grande Wolfgang Amadeus Mozart. No dia do aniversário do seu nascimento aqui fica o registo de Itzhak Perlman e a Orquestra Filarmónica de Israel, neste belissimo Adagio para Violino e Orquestra.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Ou há moral ou comem todos!
A propósito desta bagunça ... transcrevo parte da sensata crónica do Fernando Madrinha no Expresso. Os sublinhados são meus. Só não percebe quem não quer perceber.
"As escolas públicas são financiadas pelo Estado e as privadas pelos alunos, ou por alguma entidade particular que entenda fazê-lo. Verdade? Não. Em Portugal temos escolas públicas, privadas e público.privadas, isto é, as privadas que o Estado subsidia para que os alunos as frequentem sem pagar.
O argumento para a subsidiação destas escolas é o de que elas funcionam lá onde não chega a escola pública. Tal argumento não colhe, ou não devia colher, porque há muitos lugares no país onde não existem escolas públicas e o que os alunos fazem é deslocar-se para frequentar a mais próxima. Com a generalização dos agrupamentos de escolas são, aliás, cada vez menos aqueles que não precisam de se deslocar.
......até o Presidente da Republica abraçou a causa destas escolas, na maioria ligadas à Igreja, que agora protestam porque o Governo lhes reduziu os subsídios.
[olha olha o maganão...]
...
Compreende-se que pais, alunos e professores destas escolas defendam com afinco o tratamento especial que o Estado lhe tem concedido. Duvida-se é que esse tratamento seja o mais correcto, à luz da equidade a que o mesmo Estado se deve obrigar".
Estou fartinha de gentinha como este Luis Marinho, que tem o topete de vir reclamar mais para si do que é reservado à maioria, quem é que eles julgam que são? Era o que mais faltava, e logo num momento de forte aperto orçamental, os meus impostos andarem a financiar o ensino privado em vez de serem aplicados no investimento da qualidade da escola pública. Depois o ouvir falar na TV, com uma arrogância e insolência inauditas , ainda mais esclarecida fiquei acerca do perfil deste maganão, e da gente que o acompanha. Devem pensar que a malta é toda uma cambada de mansos que estão para lhe aturar as diatribes elitistas, e que lhe vão oferecer de mão beijada aquilo que não têm sequer para si.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Leituras
"Fiquei ao pé da cama, a vê-la cirandar em redor da cama. Quando se abaixava voltada para mim, os seios pendiam-lhe redondos. De costas para mim, o vestido esticava-se-lhe nas nádegas. Encostei-me a ela. Não se desviou, enquanto entalava a roupa na cama. Depois, saiu do encosto, e foi entalar a roupa do outro lado. Daí, olhou para mim. Dei a volta e, como quem não quer a coisa, empurrei a porta. Mas a vassoura atravessou-se e tive de a desviar. Ela continuou abaixada, entalando a roupa, e eu tornei a encostar-me. Não se afastou, nem se endireitou. Dobrei-me por cima dela e agarrei-lhe os seios. Ficou imóvel. Empurrei-a para cima da cama, e ela, em silêncio, lutou comigo por honra da firma. Mas não me deixou penetrá-la. E, depois, pegou em roupa suja minha, que estava no chão, e limpou-se, e às minhas calças. Ajustou o vestido, abriu a porta, e saiu com essa roupa na mão. Voltou da casa de banho com ela humedecida, e limpou-me cuidadosamente, sentada na cama. No fim, olhou para as calças, levantou os olhos para mim, e disse: - Vão precisar de ser lavadas - e riu. Era feia de cara, com a boca grosseira e o nariz achatado. Segurei-lhe no queixo. - Largue-me -. - Logo à noite?-. -Não, que o senhor desgraça-me -.- Não te desgraço, prometo -.- Promete que é só brincadeira? -. - Prometo -.- Depois que o senhor vier, e estiverem todos deitados eu subo. E agora tenho de ir senão desconfiam -. E, agarrando na roupa suja, no pano do pó, que foi buscar à mesa, e na vassoura, saiu."
Jorge de Sena, in Sinais de Fogo, Edições Asa pag 203/204
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Fim de festa
Manuel Alegre, foi igual a ele próprio, com um digno discurso de derrota.
Igual a ele próprio foi também Cavaco Silva, pequenino e mesquinho no triste e ressentido discurso de vitória.
A "vitória" de Nobre serviu a quem?
Bem, agora é que vamos ver como elas cantam e dançam....
Sergio Godinho, O primeiro dia
domingo, 23 de janeiro de 2011
Triste balanço
.... o saldo positivo que resulta desta campanha é o fim do mito Cavaco, como personalidade política apolítica, como individualidade acima de qualquer suspeita e relativamente à qual nem sequer havia a ousadia de a ligar a algo que fosse menos recomendável ou digno, e ainda a sua confirmação como político demagógico e limitado, incoerente e incapaz de compreender os grandes desafios que se põem ao futuro de Portugal, realidade excessivamente ilustrada pela repetição de banais lugares comuns que apenas atestam as suas limitações!
J.M. Correia Pinto, Politeia, O Balanço da Campanha
"Como se viu ao longo destas semanas, sem o manto protector do cargo de Presidente, Cavaco Silva revelou todas as suas fragilidades: a incapacidade de diálogo; o desconforto face ao escrutínio público; um conservadorismo serôdio nos temas dos costumes que o afasta dos portugueses de hoje; uma visão paroquial sobre o mundo que o inibe de ter um discurso sobre a crise da zona euro; a tentativa sistemática de se colocar acima de uma classe política de que faz parte e de que é hoje o membro no activo há mais tempo; e, finalmente, o modo sonso como lida com os seu próprio actos. Que passados quase dois anos ainda toleremos passivamente a "inventona" das escutas, diz muito sobre o escrutínio a que Cavaco Silva tem sido sujeito".
Pedro Adão e Silva, Expresso
Portanto é este personagem indigno do cargo que os portugueses, sem pestanejar, acabam de reeleger por mais cinco anos à frente das mais altas funções do Estado e da Nação. Podem limpar os mãos à parede.
Porque hoje é domigo
Que a musica seja inspiradora. Estou meia febril, mas para dizer Cavaco Não!, vou até arrastada.
Um bom domingo para todos.
sábado, 22 de janeiro de 2011
Porque hoje é sábado
Este blogue não necessita de período de reflexão para dizer, Cavaco Não!
Um bom fim de semana para todos.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Uma casinha na Coelha
"De seguro apenas uma certeza: após a passagem de Cavaco Silva por São Bento negócios e política nunca mais voltaram a ser o que eram antes. É a vida!"
De leitura obrigátória.
Auto da Lusitânia
Entra Todo o Mundo, rico mercador, e faz que anda buscando alguma cousa que perdeu; e logo após, um homem, vestido como pobre. Este se chama Ninguém e diz:
Ninguém: Que andas tu aí buscando?
Todo o Mundo: Mil cousas ando a buscar:
delas não posso achar,
porém ando porfiando
delas não posso achar,
porém ando porfiando
por quão bom é porfiar.
Ninguém: Como hás nome, cavaleiro?
Todo o Mundo: Eu hei nome Todo o Mundo
e meu tempo todo inteiro
sempre é buscar dinheiro
e sempre nisto me fundo.
e meu tempo todo inteiro
sempre é buscar dinheiro
e sempre nisto me fundo.
Ninguém: Eu hei nome Ninguém,
e busco a consciência.
e busco a consciência.
Belzebu: Esta é boa experiência:
Dinato, escreve isto bem.
Dinato, escreve isto bem.
Dinato: Que escreverei, companheiro?
Belzebu: Que Ninguém busca consciência.
e Todo o Mundo dinheiro.
e Todo o Mundo dinheiro.
Ninguém: E agora que buscas lá?
Todo o Mundo: Busco honra muito grande.
Ninguém: E eu virtude, que Deus mande
que tope com ela já.
que tope com ela já.
Belzebu: Outra adição nos acude:
escreve logo aí, a fundo,
que busca honra Todo o Mundo
e Ninguém busca virtude.
escreve logo aí, a fundo,
que busca honra Todo o Mundo
e Ninguém busca virtude.
Ninguém: Buscas outro mor bem qu'esse?
Todo o Mundo: Busco mais quem me louvasse
tudo quanto eu fizesse.
tudo quanto eu fizesse.
Ninguém: E eu quem me repreendesse
em cada cousa que errasse.
em cada cousa que errasse.
Belzebu: Escreve mais.
Dinato: Que tens sabido?
Belzebu: Que quer em extremo grado
Todo o Mundo ser louvado,
e Ninguém ser repreendido.
Todo o Mundo ser louvado,
e Ninguém ser repreendido.
Ninguém: Buscas mais, amigo meu?
Todo o Mundo: Busco a vida a quem ma dê.
Ninguém: A vida não sei que é,
a morte conheço eu.
a morte conheço eu.
Belzebu: Escreve lá outra sorte.
Dinato: Que sorte?
Belzebu: Muito garrida:
Todo o Mundo busca a vida
e Ninguém conhece a morte.
Todo o Mundo busca a vida
e Ninguém conhece a morte.
Todo o Mundo: E mais queria o paraíso,
sem mo Ninguém estorvar.
sem mo Ninguém estorvar.
Ninguém: E eu ponho-me a pagar
quanto devo para isso.
quanto devo para isso.
Belzebu: Escreve com muito aviso.
Dinato: Que escreverei?
Belzebu: Escreve
que Todo o Mundo quer paraíso
e Ninguém paga o que deve.
que Todo o Mundo quer paraíso
e Ninguém paga o que deve.
Todo o Mundo: Folgo muito d'enganar,
e mentir nasceu comigo.
e mentir nasceu comigo.
Ninguém: Eu sempre verdade digo
sem nunca me desviar.
sem nunca me desviar.
Belzebu: Ora escreve lá, compadre,
não sejas tu preguiçoso.
não sejas tu preguiçoso.
Dinato: Quê?
Belzebu: Que Todo o Mundo é mentiroso,
E Ninguém diz a verdade.
E Ninguém diz a verdade.
Ninguém: Que mais buscas?
Todo o Mundo: Lisonjear.
Ninguém: Eu sou todo desengano.
Belzebu: Escreve, ande lá, mano.
Dinato: Que me mandas assentar?
Belzebu: Põe aí mui declarado,
não te fique no tinteiro:
Todo o Mundo é lisonjeiro,
e Ninguém desenganado.
Gil Vicente, 1531
representado pela primeira vez em 1532,
não te fique no tinteiro:
Todo o Mundo é lisonjeiro,
e Ninguém desenganado.
Gil Vicente, 1531
representado pela primeira vez em 1532,
perante a corte de D. João III quando nasceu seu filho, D. Manuel.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Riso.... amarelo
Portanto a oeste nada de novo. Segundo rezam os peritos das sondagens, a malta prepara-se para repetir a dose. Olhando para os vários tesourinhos deprimentes desta campanha estou a lembrar-me de um homem que com ar congestionado gritava "Cavaco és o nosso deus!". Aposto que faz parte dos expressivos 46% dos portugueses que com ar carrancudo consideram que antes do 25 de Abril se vivia melhor....
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Delito, disse ela...
Sem saber nem escrever, como dizia a minha avó, hoje tive honras de passadeira vermelha no Delito de Opinião. Ao magnânimo Pedro Correia e a todos os delituosos agradeço a paciência.
As Frágeis Hastes
As Frágeis Hastes
Não voltarei à fonte dos teus flancos
ao fogo espesso do verão
a escorrer infatigável
dos espelhos, não voltarei.
Não voltarei ao leito breve
onde quebrámos uma a uma
todas as frágeis
hastes do amor.
Eis o outono: cresce a prumo.
Anoitecidas águas
em febre em fúria em fogo
arrastam-me para o fundo.
in "Obscuro Domínio"
ao fogo espesso do verão
a escorrer infatigável
dos espelhos, não voltarei.
Não voltarei ao leito breve
onde quebrámos uma a uma
todas as frágeis
hastes do amor.
Eis o outono: cresce a prumo.
Anoitecidas águas
em febre em fúria em fogo
arrastam-me para o fundo.
in "Obscuro Domínio"
Eugénio de Andrade, Póvoa de Atalaia, 19 de Janeiro de 1923.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
A história da moral
Picasso, Tête de Cheval
A história da moral
Você tem-me cavalgado
seu safado!
Você tem-me cavalgado,
mas nem por isso me pôs
a pensar como você.
Que uma coisa pensa o cavalo;
outra quem está a montá-lo.
Alexandre O'Neil
aqui
A história da moral
Você tem-me cavalgado
seu safado!
Você tem-me cavalgado,
mas nem por isso me pôs
a pensar como você.
Que uma coisa pensa o cavalo;
outra quem está a montá-lo.
Alexandre O'Neil
aqui
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Serpentário...
O mundo atravessa uma crise económica e financeira sem precedentes? Uma parte da Austrália está submersa por chuvas diluvianas? No Rio de Janeiro as enxurradas levaram consigo mais de quatrocentas vidas de gente pobre? Uma criança é baleada mortalmente no Tucson por um louco influenciado pelo Tea Party da não menos descabelada Palin? Na Tunísia, de que pouco se fala por cá, o povo saiu à rua e vinte de dois mortos depois fez cair o presidente Ben Ali, há 23 anos no poder? Por cá assistimos impotentes à maior xaropada de campanha eleitoral e preparamo-nos para re-eleger o maior cromo de que há memória na democracia portuguesa?
Isso agora não interessa nada, porque o mundo da astrologia está em polvorosa. De acordo com astrónomos do Minnesota [lá está, tinha de ser dos Estados Unidos….] estamos em presença de um novo signo, o Serpentário que vem baralhar todas as contas, e quem sabe, ser o responsável por todo o mal do mundo.
Confira aqui o seu novo signo:
Capricórnio: de 20 de janeiro a 16 de fevereiro
Aquário: de 16 de fevereiro a 11 de março
Peixes: de 11 de março a 18 de abril
Áries: de 18 de abril a 13 de maio
Touro: de 13 de maio a 21 de junho
Gêmeos: de 21 de junho a 20 de julho
Câncer: de 20 de julho a 10 de agosto
Leão: de 10 de agosto a 16 de setembro
Virgem: de 16 de setembro a 30 de outubro
Libra: de 30 de outubro a 23 de novembro
Escorpião: de23 a 29 de novembro
Serpentário: de 29 de novembro a 17 de dezembro
Sagitário: de 17 de dezembro a 20 de Janeiro
Aquário: de 16 de fevereiro a 11 de março
Peixes: de 11 de março a 18 de abril
Áries: de 18 de abril a 13 de maio
Touro: de 13 de maio a 21 de junho
Gêmeos: de 21 de junho a 20 de julho
Câncer: de 20 de julho a 10 de agosto
Leão: de 10 de agosto a 16 de setembro
Virgem: de 16 de setembro a 30 de outubro
Libra: de 30 de outubro a 23 de novembro
Escorpião: de
Serpentário: de 29 de novembro a 17 de dezembro
Sagitário: de 17 de dezembro a 20 de Janeiro
Eu felizmente mantenho-me inabalavelmente Touro. Livra, nem saberia como respirar se me viessem dizer que passava agora a Carneiro…
domingo, 16 de janeiro de 2011
Sinto-me inteligente...
"Quem deve avaliar os professores? Os colegas ou um entidade externa?
- Dentro da escola, os professores sabem muito bem quem está a fazer um bom trabalho ou não. A questão é saber se conseguem expressar isso de forma honesta. Por isso, tem de haver uma combinação com uma outra avaliação mais uniforme. Dar mais autonomia às escolas para tomar decisões - em relação aos salários, à forma como querem gastar o dinheiro, etc - é uma coisa boa, mas só se for acompanhada por uma avaliação externa e de prestação de contas. Caso contrário, professores e escolas podem fazer todo o tipo de coisas estranhas que não queremos.
O que deve acontecer a uma escola com maus resultados permanentes?
- Tem de se levar novas pessoas para essa escola, novos professores e outra liderança. Na Educação o que interessa são os miúdos e não os interesses dos docentes que lá estão."
Excerto da entrevista de Eric Hanushek, investigador da Universidade de Stanford, ao Expresso.
sábado, 15 de janeiro de 2011
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Não sei se chore se ria...
Numa arruada em Viana do Castelo, o candidato Cavaco Silva queixou-se a uma eleitora que o abordou, de que tinha de continuar a trabalhar porque a mulher dependia dele. Alegou que a senhora trabalhou a vida inteira mas só tem uma reforma de oitocentos euros... ouve-se e não se acredita.
The dark side...
Já toda a gente falou e disse o que deve ser dito, e bem, sobre o horrível homicídio de Nova York. Só conhecia o Carlos Castro da televisão, e não me recordo de algum vez ter lido alguma coisa escrita por ele. Acreditem ou não, não compro, nem frequento as revistas cor de rosa. Costumava folheá-las no cabeleireiro, mas desde que tenho de usar óculos para conseguir ler uma letra do tamanho de um camião, não me dá jeito nenhum, entre a lavagem do cabelo, a colocação das pratas ou o brushing, pôr óculos para ler. De modo que já nem no cabeleireiro as folheio. Li que escrevia no Correio da Manhã. Também não frequento. Não posso dizer que simpatizasse propriamente com a figura, pressentia nele alguém dado ao mexerico e à intriga, sinuoso e untuoso, características a que sou particularmente alérgica.
Por maioria de razão Renato Seabra era para mim um ilustre desconhecido. Não acompanho os concursos das televisões e como também não faço o follow up através das revistas cor de rosa, nunca tinha ouvido falar dele.
Dito isto, tenho lido horrorizada comentários absurdamente soezes, homofóficos e canalhas vindos dos mais insuspeitos quadrantes. Se os mais benignos pintam um cenário onde representam um adulto de 21 anos como se de uma criança irresponsável e imberbe se tratasse, que se deixa seduzir, coitado, sem saber ao que vai, pelo velho lúbrico e pedófilo, (sim pedófilo não dá para acreditar mas é verdade), que desencaminhou o rapazinho, imaginamos facilmente o nível da fasquia do insulto. Esta gente precisa urgentemente de tratamento. Esta gente não pode ficar impune.
Dito isto, tenho lido horrorizada comentários absurdamente soezes, homofóficos e canalhas vindos dos mais insuspeitos quadrantes. Se os mais benignos pintam um cenário onde representam um adulto de 21 anos como se de uma criança irresponsável e imberbe se tratasse, que se deixa seduzir, coitado, sem saber ao que vai, pelo velho lúbrico e pedófilo, (sim pedófilo não dá para acreditar mas é verdade), que desencaminhou o rapazinho, imaginamos facilmente o nível da fasquia do insulto. Esta gente precisa urgentemente de tratamento. Esta gente não pode ficar impune.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
A minha alegre casinha
Através deste post do Porfirio Silva descobri a aldeia da Coelha. O outro, o mau, em vez de ter comprado um apartamento na Castilho, devia ter comprado uma casinha na aldeia da Coelha. Assim já estava tudo bem.
poema
pintura - mário cesariny
Os pássaros de Londres
cantam todo o Inverno
como se o frio fosse
o maior aconchego
nos parques arrancados
ao trânsito automóvel
nas ruas da neve negra
sob um céu sempre duro
os pássaros de Londres
falam de esplendor
com que se ergue o estio
e a lua se derrama
por praças tão sem cor
que parecem de pano
em jardins germinando
sob mantos de gelo
como se gelo fora
o linho mais bordado
ou em casas como aquela
onde Rimbaud comeu
e dormiu e estendeu
a vida desesperada
estreita faixa amarela
espécie de paralela
entre o tudo e o nada
os pássaros de Londres
quando termina o dia
e o sol consegue um pouco
abraçar a cidade
à luz razante e forte
que dura dois minutos
nas árvores que surgem
subitamente imensas
no ouro verde e negro
que é sua densidade
ou nos muros sem fim
dos bairros deserdados
onde não sabes não
se vida rogo amor
algum dia erguerão
do pavimento cínzeo
algum claro limite
os pássaros de Londres
cumprem o seu dever
de cidadãos britânicos
que nunca nunca viram
os céus mediterrânicos
Mário Cesariny,
Poemas de Londres
pena capital
2ª edição
Assírio & Alvim
1999
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Solilóquios(18)
Estou faaaaaaaaaaaaaaaaaarta de ouvir o Medina Carreira. Será que não há mais ninguém inteligente e conhecedor destas coisas da divida e o caraças, que diga a verdade aos portugueses, como ele diz, não duvido, mas que seja inspirador e didáctico, e não esta personagem horrível, que parece estar sempre mal disposto com a vida e ter um prazer mórbido de nos chamar a todos ignorantes, estúpidos, não merecedores das doutas palavras e sábios conhecimentos, que com uma satisfação mórbida faz o favor de nos debitar, como que a dizer: - vocês vão ver vão como se vão todos lixar, e eu a rir.... - Porra! agora até na RTP2?
Canzoada
"A nova tempestade financeira que se abateu sobre Portugal, todos o sabem, é determinada pelo anúncio de duas emissões obrigacionistas na quarta-feira. O que as instituições financeiras estão a fazer é a explorar a possibilidade de ganhos adicionais na compra de novos títulos a taxas mais altas. Os líderes políticos não podem nem devem alimentar esses ganhos com declarações políticas que criam dificuldades adicionais quer a Portugal como ao euro.
O governo em Lisboa pouco pode fazer para evitar as notícias sobre o colapso de Portugal. Mas José Sócrates pode fazer muito, colocando a sua firmeza e persistência ao serviço do combate ao défice público. O governo tem de usar todos os meios para, o mais tardar em Fevereiro, termos a certeza que o défice público deste ano vai ser cumprido. Só assim terá a solidariedade e uma solução europeia, sem o FMI. "
O governo em Lisboa pouco pode fazer para evitar as notícias sobre o colapso de Portugal. Mas José Sócrates pode fazer muito, colocando a sua firmeza e persistência ao serviço do combate ao défice público. O governo tem de usar todos os meios para, o mais tardar em Fevereiro, termos a certeza que o défice público deste ano vai ser cumprido. Só assim terá a solidariedade e uma solução europeia, sem o FMI. "
Helena Garrido, Jornal de Negócios
aqui
É triste verificar que anda por aí muito boa gente a salivar, desejosa da entrada do FMI em Portugal. Deviam ter vergonha.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Alegre
Estamos em campanha eleitoral. É um período muito pouco estimulante, tempo de vale tudo. Normalmente não tenho muita paciência nem estômago para as estridências e sound bits comicieiros, e esta, a avaliar pela pré-campanha, promete ser do piorio. Abster-me, jamais!. Desde o 25 Abril que voto em todas as eleições. A minha escolha é clara, em tempo de guerra não se limpam armas. Manuel Alegre. Podia haver melhor candidato para derrotar Cavaco? Podia, mas não há.
Foto tirada daqui
domingo, 9 de janeiro de 2011
Estava na cara...
"O discurso de Nobre vive quase exclusivamente do ódio aos políticos. Guinando para a esquerda e para a direita, ao sabor de calculismos eleitorais, o não político desta campanha tornou-se no mais politiqueiro de todos os candidatos. Porque está, apesar disto, mal nas sondagens? Porque para o populismo é preciso traquejo. Portugal perdeu um bom ativista humanitário. Ganhou um fraco demagogo. É pena mas não espanta. É muitas vezes no calor das campanhas que as melhores pessoas mostram o pior de si. E os amadores costumam fazê-lo com maior espalhafato."
Daniel Oliveira, Expresso
Desilusão? nem por isso, para mim estava na cara. Ao contrário de Daniel Oliveira, quando Fernando Nobre anunciou a sua candidatura não fiquei nada satisfeita. Apesar da minha presciência ser limitada, tenho um instinto que raramente me deixa ficar mal.
sábado, 8 de janeiro de 2011
Cavacadas
"Olhe vá a uma instituição de solidariedade que não seja do Estado" mas primeiro cuide da saúde... terá recomendado o candidato a uma mulher que perdeu o rendimento mínimo, criado, por aqueles que no seu entendimento, não têm a mínima sensibilidade social....
Entretanto Eanes , refere, candidamente, que houve bancos que lhe propuseram acções ao preço de accionistas de referência mas que nunca aceitou...
Parece-me que o andor ainda não saiu da igreja.
Descubra as diferenças
"O pior nem era o espancamento, o "pau de arara" [trave onde eram suspensas quando chicoteadas] ou a "cadeira do dragão [assento eléctrico] para a qual jogavam água para dar mais choque. O pior era ser torturado em cima das poças de sangue dos outros. Eu fui, e a Dilma também, torturada num sítio onde ainda havia sangue do companheiro Virgílio Gomes da Silva, a quem os torcionários não conseguiram arrancar um nome e por isso mataram"
Maria Aparecida dos Santos, companheira de Dilma na Cela 6 no presídio Tiradentes, ao Expresso
Por cá temos um presidente e candidato a novo mandato que assinava declarações da PIDE a dizer-se integrado no regime vigente e sublinhando que não privava com a segunda mulher do sogro...
Porque hoje é sábado
Isn't it rich?
Are we a pair?
Me here at last on the ground,
You in mid-air.
Send in the clowns.
Isn't it bliss?
Don't you approve?
One who keeps tearing around,
One who can't move.
Where are the clowns?
Send in the clowns.
Just when I'd stopped opening doors,
Finally knowing the one that I wanted was yours,
Making my entrance again with my usual flair,
Sure of my lines,
No one is there.
Don't you love farce?
My fault I fear.
I thought that you'd want what I want.
Sorry, my dear.
But where are the clowns?
Quick, send in the clowns.
Don't bother, they're here.
Isn't it rich?
Isn't it queer,
Losing my timing this late
In my career?
And where are the clowns?
There ought to be clowns.
Well, maybe next year.
Não é que nos faltem palhaços, mas os que abundam por aí são de quinta categoria. Um excelente fim de semana para todos.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
A bolsa
"Estávamos numa altura alta da Bolsa, ele é um homem que sabe de Economia e Finanças, sabe ler a Bolsa melhor que qualquer um de nós, sabe fazer as suas previsões económicas e como qualquer cidadão quando chegou ao momento que entendeu que era bom vender, vendeu”...
..... fora de Bolsa, não é verdade?
Pois!, disse a minha prima Georgina que gosta muito de dizer coisas.
Dia de Reis
Em Espanha é o dia de abrir as prendas. Há também a tradição das crianças deixarem sapatos na janela com ervas antes de dormir para que os camelos dos Reis Magos se possam alimentar e retomar viagem. Em troca os Reis Magos deixam doces e prendas.
Em comum com Espanha temos o Bolo Rei, que entretanto por cá perdeu a fava e o brinde. Desconheço quantos acidentes terão ocorrido à conta destas maléficas surpresas. O facto é que em Espanha eles manteêm a tradição e não consta que estejam muito preocupados com gente engasgada...
Saudades...
A coruja
A coruja agoira-me
e diz-me que nunca chegarei
além onde o desejo me leva
e assim evapora-se o sonho;
O tambor foi tocado
na noite densa do feitiço
enquanto Kokwana Muhlonga
apitava o Kulungwana mortal;
Na noite sem estrelas
dois gatos pretos iluminaram
a cabana da Kokwana Hehlise
que morreu depois dos gatos terem miado.
Eu lutando comigo só
é impossível vencer as ondas
que feitiçeiramente me esboçam
as corujas, gatos e tambores.
In Livro "Vinte e quatro poemas" de Malangatana Valente Ngwenya, edição do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Lisboa, 1996 pag.35
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Solilóquios (17)
"Nobre diz que insistir nos negócios de Cavaco descredibiliza a política "?????
Se ontem não tinha percebido patavina da entrevista que o senhor deu à Judite dama de Sintra, hoje então ainda percebo menos...
Se ontem não tinha percebido patavina da entrevista que o senhor deu à Judite dama de Sintra, hoje então ainda percebo menos...
Malangatana
Morreu Malangatana. Uma tragédia.
ler aqui declarações de José de Guimarães.
Felicidade
Pela flor pelo vento pelo fogo
Pela estrela da noite tão límpida e serena
Pelo nácar do tempo pelo cipreste agudo
Pelo amor sem ironia - por tudo
Que atentamente esperamos
Reconheci tua presença incerta
Tua presença fantástica e liberta
Sophia de Mello Breyner Andresen,Livro Sexto
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Solilóquios (16)
Alguém percebeu o que quer que fosse da entrevista de Fernando Nobre à Judite? Eu bem sei que estava meio distraída, o tom de voz de missionário adormeceu-me e nem sequer consegui perceber onde aquela alminha espera estar no dia 24 de Janeiro. Em todo o caso deu para perceber três coisas: a primeira que Fernando Nobre tem uma mulher inteligente; a segunda, que lhe devia ter dado ouvidos; a terceira e última que Fernando Nobre tendo dito expressamente que no dia 24 de Janeiro estará algures, em local que eu por deficiência auditiva não captei, mas sendo certo que não respondeu que nessa data seria o presidente de todos os portugueses, como compete dizer a qualquer candidato a presidente da republica, nem vale a pena os seus apoiantes incomodarem-se a votar nele.
Esperar sentada
Ora aqui está um belo cadeirão relax com design de última geração, para nos recostarmos à espera que o candidato presidente nos explique a quem vendeu as acçõezinhas do BPN.
José e Pilar
"Se eu tivesse morrido antes de te conhecer, Pilar, teria morrido sentindo-me muito mais velho. Aos 63 anos, a minha segunda vida começou. Não posso queixar-me. As coisas que você considera importantes não são tão importantes. Eu ganhei um Prémio Nobel. E daí?"
Entrevista de José Saramago à jornalista Fernanda Eberstadt para o New York Times
José e Pilar é um belíssimo documentário, sensível e comovente realizado por Miguel Gonçalves Mendes, sobre o dia a dia de José Saramago e Pilar del Rio, dois seres extraordinários que souberam estar à altura um do outro. Depois de ver o filme fiquei com a convicção que sem Pilar, José Saramago dificilmente teria alcançado projecção mundial que veio a obter. Para os seus detractores, e sobretudo para aqueles que, sem nunca terem lido um linha do que escreveu, se limitam a vomitar ódio, essa é outra espinha difícil de engolir. Ide ver antes que saia de cena... segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Um coelho na cartola
“Parecia aquelas candidatas a miss Mundo, loiras e esbeltas mas ocas de cabeça, que quando entrevistadas pelos jornalistas, desejam sempre que haja paz e amor e que as criancinhas não passem fome”
Este Coelho saiu-me bem melhor que a encomenda.
Oremos então...
"Há largos anos que o Vaticano é recorrentemente acusado de fechar os olhos e de compactuar com práticas obscuras do seu banco que, ainda neste Verão, voltou a ser notícia por suspeita de envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro, juntamente com outros bancos italianos, incluindo grandes instituições como a Intesa San Saolo e a Unicredit"
De repente Sua Santidade começa a preocupar-se com os fumos de cores estranhas que saem dos seus bancos...mais vale tarde....
domingo, 2 de janeiro de 2011
Porque hoje é domigo...
Matisse, the pink nude
Convido-vos a recostarem-se no sofá e ouvirem Lisa Bassenge em All I need, especial presente de Ano Novo de Jeune Dame de Jazz. Esta menina enche-me de mimos.
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